Sejam bem vindos todos os que trazem tochas acesas nas mãos

e também aqueles que como eu, anseiam pela luz.



quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Esquemas brasileiros que nos envergonham. Não é a toa que somos o país do carnaval!


Por Fernando Mello
Revista VEJA Edição 2184 / 29 de Setembro de 2010

Na noite do dia 03 de outubro, quando o TSE anunciar o resultado das eleições para o Legislativo, o candidato a deputado federal mais votado no Brasil deverá ser Francisco Everaldo Oliveira Silva, o Tiririca, um palhaço profissional que se apresenta como “abestado” e declara não ter a menor idéia do que significa o trabalho parlamentar. A previsão do Instituto Datafolha é de que cerca de 900.000 eleitores de São Paulo digitarão seu número nas urnas. Parte o fará como um “gesto de protesto”, parte por deboche e parte por indolência (procurar um bom candidato, convenhamos, dá trabalho). Não será a primeira vez que esse tipo de “gaiatice” ocorre. São Paulo, nos anos 50, “elegeu” para vereador um rinoceronte recém-chegado de um zoológico carioca, o Cacareco. A diferença, desta vez, é que, ao contrário do fenômeno Cacareco, a candidatura de Tiririca foi minuciosamente planejada por políticos e marqueteiros profissionais – e com objetivos tão claros quanto maliciosos. Ele foi projetado para “puxar votos” para candidatos que, sem esse artifício, teriam grande dificuldade para se eleger.
O plano Tiririca começou a ser gestado em 2006. Logo depois das eleições daquele ano, duas legendas uniram em nome da sobrevivência: o Partido Liberal (PL), do mensaleiro Valdemar Costa Neto, e o Partido da Reedificação da Ordem Nacional (PRONA), de Enéias Carneiro. Ameaçados de extinção diante da exiguidade dos votos amealhados, juntaram-se para dar origem ao Partido da República (PR). A partir daí, Enéias, Costa Neto e outros líderes decidiram que o caminho mais eficaz para crescer seria atrair para a sigla pessoas que as atas do PR chamavam de “candidatos com inserção social” – leia-se, famosos de qualquer naipe ou categoria. Enéias Carneiro não acompanhou o desfecho do plano que ajudou a elaborar. Morreu em 2007, vítima de leucemia, mas deixou o picadeiro armado.
Em abril de 2009, o PR paulista encomendou uma pesquisa para saber que “famosos” poderiam ter alto potencial de votação. Entraram na lista o médico Dráuzio Varella, A apresentadora Sabrina Sato, o atacante Ronaldo, o ator Lima Duarte e a empresária Viviane Senna, irmã de Airton Senna. Sabrina ficou entre as finalistas. A apresentadora diz ter recebido “quase dez telefonemas” do partido propondo sua filiação. Não aceitou. Dráuzio Varella foi procurado pessoalmente, mas também declinou: “Respondi que não tinha idade nem vontade para me tornar político”, disse a VEJA. Tiririca então, contratado de um programa humorístico da Rede Record, topou.
O passo seguinte foi a construção de seu discurso de campanha. Por meio de nova pesquisa, encomendada ao mesmo instituto, o PR constatou que o palhaço tinha o perfil necessário para assumir na eleição de 2010, o mesmo papel que o costureiro Clodovil Hernandes havia ocupado na de 2006: o de candidato do deboche. Os slogans que o palhaço repete na TV, como o “Vote em Tiririca, pior do que ta não fica”, não foram criados pelo próprio, mas pelo humorista Zé Américo, do grupo Café com bobagem. A campanha de Tiririca, estimada em 3,5 milhões de reais, é custeada inteiramente pelo PR. Trata-se de um investimento alto, mas que deverá trazer um gordo retorno: pelo menos três deputados do PR ou de partidos coligados poderão ser eleitos “de graça”, de carona nos votos do palhaço. Isto ocorre por causa de um elemento no sistema eleitoral brasileiro, o coeficiente eleitoral. Ele é o resultado da divisão da soma dos votos válidos dados a todos os candidatos e legendas pelo número de vagas disponíveis em um estado. A lei determina que, se os votos de um candidato ultrapassarem esse coeficiente, os excedentes devem ir para seus companheiros de chapa – companheiros barras-pesadas, no caso de Tiririca e do PR. Além do líder do partido, o mensaleiro Costa Neto, estão na fila da carona pelo menos dois deputados envolvidos no escândalo do mensalão: José Genoíno e João Paulo Cunha, do PT, que se coligou ao partido de Tiririca.
A estratégia de usar cacarecos como “puxadores de voto” está longe de ser exclusividade do PR. Diversas legendas tentam emplacar o mesmo expediente. O PTN, por exemplo, aposta na eleição de uma atriz pornô e de uma periforme dançarina com nome de fruta. Já o PSB decidiu investir em craques aposentados do futebol, com muito espaço livre na agenda e no cérebro. A explicação para a disseminação da prática é simples: além de já ter se mostrado eficaz, ela custa pouco. “È mais barato convidar uma subcelebridade, do que formar uma liderança política, trabalho que leva anos”, afirma o cientista político Rubens Figueiredo. Com um único candidato, um partido nanico é capaz de dobrar sua bancada em uma eleição. Cacarecos, Tiriricas e abestados em geral pedem ser ótimos puxadores de voto. O problema é que junto com eles, sempre vem tranqueira barra-pesada.             

Um comentário:

  1. Querida amiga,
    Em visita a este lindo e bem informado blog, não me surpreendi com mais este “esquema” que tanto nos envergonham. Estamos vivendo uma fase onde os valores parecem ter rumo certo e pré-definido, uma única pessoa virou o centro de atenção no Brasil e fora dele. Algo deve estar ERRADO, pois até o filho de Deus não teve a mesma sorte.
    Geraldo Vasconcelos

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A Fome e a miséria


1) A fome mata 24 mil pessoas a cada dia - 70% delas crianças;

2) No mundo de hoje há mais comida do que em qualquer outro momento da história da humanidade;

3) Temos 6,7 bilhões de habitantes, e produzimos mais de 2 bilhões de toneladas de grãos, o que significa que produzimos quase um quilo de grãos por pessoa e por dia no planeta, amplamente suficiente para alimentar a todos;

4) Segundo a FAO o mundo precisaria de US$ 30 bilhões por ano para lutar contra a fome, recursos que significam apenas uma fração do US$ 1,1 trilhão aprovado pelo G-20 para lidar com a recessão mundial;

5) 65% dos famintos vivem em somente sete países;

6) Nos últimos meses irromperam revoltas por causa da fome em 25 países;

7) Os que sobrevivem à fome carregam seqüelas para sempre. A fome mina as vidas e acaba com a capacidade produtiva, enfraquece o sistema imunológico, impede o trabalho e nega a esperança;

8) No mesmo momento em que 1 bilhão de pessoas passando fome, outro 1 bilhão sofre de obesidade por excesso de consumo;

9) Uma criança americana consome o equivalente a 50 crianças africanas da região subsaariana;

10) Cerca de 200 milhões de crianças de países pobres tiveram seu desenvolvimento físico afetado por não ter uma alimentação adequada, segundo o Unicef.


Por que tantos passam fome?


*Dados extraídos do Adital publicado pela Humanitas/Unisinos/Cepat

Instituto Humanitas Unisimos, Universidade do Vale do Rio dos Sinos unisinos / Centro de pesquisa e apoio aos trabalhadores.






É lamentável que um país como o nosso Brasil, de tantas riquezas e tantas belezas, seja um país sem leis, onde a impunidade impera e nos deixa a mercê das barbáries praticadas pelos criminosos que o nosso código penal sustenta com sua ineficácia.



Malú Rossi