Sejam bem vindos todos os que trazem tochas acesas nas mãos

e também aqueles que como eu, anseiam pela luz.



quarta-feira, 28 de abril de 2010

O amor que sentimos

       Aprendemos desde muito cedo que o amor é sentimento mais precioso e portanto o mais exigente. Sim, o amor é exigente. Pode nos parecer contraditório tal afirmação pois aprendemos também que o amor, para acontecer, nada exige em troca. Isto é quase verdade. Mas como amar sem exigir algo em troca, se o próprio amor, para acontecer em nós, nos exige tanto?
       Chico Xavier, Madre Teresa de Calcutá, Irmã Dulce, Ghandi, o papa João Paulo II, entre outros, foram e ainda são exemplos de pessoas que nos ensinaram a amar a todos e sem limites. Viveram na íntegra o ensinamento de JESUS que nos convoca a amar ao próximo como a nós mesmos e mesmo tendo dedicado suas vidas a DEUS, abstendo-se do amor carnal, foram capazes de entendê-lo e reescrevê-lo de maneira nobre, a fim de que casais que se unem em nome do amor possam sentí-lo verdadeiramente.
       Para vivenciarmos a experiência do amor precisamos rever nossos valores, nos libertar de conceitos egoístas, limpar nossa casa interior, arejá-la para receber o amor que bate a nossa porta e principalmente, e talvez o mais difícil, dedicar-lhe tempo para ouvir sua mensagem e aprender com suas lições. Precisamos estar disponíveis para que o amor aconteça e essa é sua maior exigência. Não temos tempo para amar mas mesmo assim queremos ser amados.
       Nossa essência ainda é egoísta e compensatória. A lei da compensação é inerente ao ser humano e acontece, automaticamente, toda vez que nos consideramos no prejuízo de alguma coisa ou sentimento. 
       Nossa evolução não nos permite por enquanto sermos capazes de somente amar, amar e amar e nossa mente ainda não está preparada para assimilar que quanto mais amarmos, mais amados seremos. 
       Por não acreditarmos nesta máxima, nos dispomos a amar proporcionalmente ao amor que recebemos. Com esta conduta, nos mantemos na retaguarda, sempre avaliando primeiro, "quanto" amor virá ao nosso encontro e depois, "quanto" amor devolveremos em troca. 
       Desta forma, vamos involuindo e numa demonstração absurda dessa involução, agredimos, matamos, quebramos todas as promessas feitas em nome do amor, destruímos o planeta, renegamos o altíssimo e por fim, financiamos a guerra nos lares, nas ruas e entre as nações com nosso egoísmo e nossa incapacidade de amar sem limites.
       A chama que sustenta o sentimento do amor em nós, precisa ser multiplicada, caso contrário, arderá todo o nosso pavio interior e nos reduzirá rapidamente a cinzas, promovendo nossa própria escuridão.

Malú Rossi
28/04/2010

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Nossos filhos adolescentes





Assistindo a uma edição de um famoso jornal na TV, me chamou a atenção a reportagem sobre adolescentes, com participação de alguns pais. A reportagem alertava para uso excessivo dos telefones celulares, ressaltando que os adolescentes adotaram o aparelho mais para o envio de mensagens do que para falar ao telefone, propriamente dito. Foi mostrado um determinado jovem, de 14 anos apenas, estudante, que admitiu receber e enviar um número altíssimo de mensagens por dia, ressaltando ainda com muita naturalidade que a maioria das mensagens ocorrem madrugada afora, cerca de 40 msn’s a cada noite e que normalmente dorme por volta das 04:00hs da manhã. O que mais me causou espanto foi a declaração da mãe, aparentemente detentora de um certo grau de instrução, admitir não saber lidar com tal situação e recorrer a ajuda de um psicólogo(que participava da reportagem) para encontrar a solução do problema do filho que dorme quase ao amanhecer todas as noites porque está viciado no celular. 
O que leva os pais a admitirem  não saber que atitude tomar diante do filho adolescente que passa a noite acordado ao celular quando um dia inteiro de obrigações o aguarda daí a poucas horas? Obrigações estas, naturais e essenciais a formação equilibrada do ser humano. Onde estavam estes pais durante o tempo  que permitiu que o filho se tornasse um viciado no uso do celular? viciado agora, após um longo período de negligência dos pais.
 Ninguém nasce educado ou mal educado. Naturalmente, nascemos com caractrísticas herdadas de nossos pais e demais familiares mas essas características , para se tornaram comportamento, dependerão da maneira como serão percebidas e moldadas por nossos progenitores.
É comum vermos pais se dizerem comprometidos com a educação dos filhos apesar de admitirem também não dispor de tempo para acompanha-los. Como é possível estar comprometido com um processo que eles mesmos admitem não ter tempo para acompanhar?
Essa falta de tempo gera nos pais um comportamento negligente, sob a justificativa de que é preciso trabalhar cada vez mais para prover o sustento dos rebentos, mas se esquecem que, o sustento do caráter, tão importante quanto o sustento material, exige disponibilidade de tempo afetivo e participativo para ser conquistado.
Durante os primeiros anos de vida da criança, o descuido dos pais obedece a uma cadeia comportamental perigosa, sem que os mesmos percebam pois justificam suas atitudes sob a alegação de que tudo fazem para garantir o sustento dos filhos.  Não saber o que fazer na adolescência da prole pode ser resultado dessa cadeia, que se desenvolve da seguinte forma: Esses pais trabalham muito e por isso precisam cuidar da saúde, estar bem condicionados fisicamente, o que requer horas de exercícios físicos em academias. Precisam manter a aparência o melhor possível e para isso também dedicam horas nos salões e Spa’s cuidando da beleza. No fim do dia, um happy hour, afinal, ninguém é de ferro. Chegando em casa, um tele-jornal para estar bem informado no dia seguinte, e que ninguém(leia-se aqui, filhos) os incomode nesta hora. No fim de semana, encontro com os amigos(as), um programinha a dois... para relaxar. A semana recomeça e com ela o corre-corre do dia-a-dia no rítimo acelerado das ambições desmedidas, das excessivas demonstrações de vaidade e do consequente stress. E as crianças? Bem,  os futuros adolescentes  vão sendo educados com beijinhos de boa noite e pelas babas, aquelas que agridem, que liberam tudo em troca do sossego para namorar ou assistir televisão no horário de serviço.  Sozinhas, essas crianças anceiam pela companhia que futuramente encontrarão no celular, na internet, na TV, na balada, o dia inteiro e a noite inteira. Na maioria dos casos acabam muito mal acompanhados.
Desse grupo de pais negligentes e “ocupados demais”, também saem os filhos que incendeiam índios, os que roubam o carro do pai pra executarem pegas, os que misturam álcool e direção numa combinação assassina e muitas vezes suicida, os traficantes, os ladrões, os chefes de quadrilhas, etc, etc e etc.
Pais descuidados da educação de seus filhos têm sempre um argumento na ponta da língua para defendê-los quando erram. É comum é ouvi-los dizer que a sociedade é quem deseduca, já que eles, os pais, nesta hora, afirmam terem cumprido seu papel como educadores. Lêdo engano. A sociedade não tem o poder de deseducar nem tão pouco educar o indivíduo, ela serve apenas como apoio. Sua função é “abrir portas”, as mais diversas. Cabe a nós, pais, educar nossos filhos desde a concepção para  serem capazes de escolher a melhor “porta” e a partir daí, construir seu caminho com dignidade, equilíbrio e fé. E ainda existem os pais que, transferem a responsabilidade de apresentar a solução quando o problema surge, para o psicólogo. O psicólogo poderá ajudar a elucidar algumas questões mas a solução mais eficiente só será alcançada quando esses pais encontrarem tempo para educar pessoalmente seus filhos.
É tão simples(ou deveria ser) a resposta para alguns questionamentos, que percebemos até mesmo uma certa dificuldade por parte dos psicólogos para responder algumas perguntas sem constranger o outro.
 Imaginemos a seguinte cena: No consultório médico, a mãe desabafa:
- Doutor, meu filho está tão mal educado! Não sei mais o que fazer... E o médico então, tentando se inteirar melhor do assunto, na tentativa de identificar a causa do “problema”, pergunta, quase sem jeito:
- Quem o educou?
Não custa refletirmos. A boa educação de nossos filhos dependerá do tempo que dispusermos para construí-la.
Os primeiros registros determinantes na formação do indivíduo acontecem bem antes da adolescência, ainda na infância, mais precisamente na idade compreendida entre 0 e 07 anos. Neste período, pais “muitíssimos ocupados”, que se mantêm ausentes de experiências simples para os adultos mas de suma importância para as crianças, geram  em seus futuros adolescentes um comportamento auto-suficiente muito perigoso que será usado por todo sempre, mas ainda mais neste período conflitante. Essa auto-suficiência é construída pela criança neste momento, em que ela se vê descobrindo o mundo sozinha e o faz a seu modo. Tal comportamento o acompanhará para sempre, com o agravante de que será inserido em seu caráter de forma a se tornar uma arma para sua sobrevivência e não apenas uma característica sob medida eficiente na construção de sua auto-estima. 
A adolescência é por si só uma fase delicada emocionalmente, geradora de incertezas naturais causadas por significativas transformações que ocorrem no corpo do indivíduo neste momento de passagem para a vida adulta. Essas transformações deixarão marcas que determinarão sua conduta diante da vida. Toda esse processo que gera mudanças de comportamento pode ser muito positivo, quando acompanhado e vivenciado com os pais, ou negativo, quando ignorado pelos mesmos. Tudo vai depender da forma como essa transformação se deu e essas informações foram processadas.
Esse momento é também um período mágico, lindo, poético, forte e de grandes descobertas, experiências magníficas. É triste ver pais se referindo a adolescência como sendo o período da “aborrecência”. Infelizmente, esse termo tão pejorativo, talvez faça sentido em certos casos e justifique o comportamento de alguns jovens que, “aborrecidos” com a falta de amor, de diálogo e participação de seus pais, trocam literalmente, a adolescência pela aborrecência. 

                                                                                              Malu Rossi

NOTA: Tenho duas filhas. Uma de 20 e a outra de 15 anos, que me permitem todos os dias a emoção de experimentar a adolescência novamente através delas. Levarei para sempre o aroma com o qual a adolescência de minhas filhas perfuma minha vida.


A Fome e a miséria


1) A fome mata 24 mil pessoas a cada dia - 70% delas crianças;

2) No mundo de hoje há mais comida do que em qualquer outro momento da história da humanidade;

3) Temos 6,7 bilhões de habitantes, e produzimos mais de 2 bilhões de toneladas de grãos, o que significa que produzimos quase um quilo de grãos por pessoa e por dia no planeta, amplamente suficiente para alimentar a todos;

4) Segundo a FAO o mundo precisaria de US$ 30 bilhões por ano para lutar contra a fome, recursos que significam apenas uma fração do US$ 1,1 trilhão aprovado pelo G-20 para lidar com a recessão mundial;

5) 65% dos famintos vivem em somente sete países;

6) Nos últimos meses irromperam revoltas por causa da fome em 25 países;

7) Os que sobrevivem à fome carregam seqüelas para sempre. A fome mina as vidas e acaba com a capacidade produtiva, enfraquece o sistema imunológico, impede o trabalho e nega a esperança;

8) No mesmo momento em que 1 bilhão de pessoas passando fome, outro 1 bilhão sofre de obesidade por excesso de consumo;

9) Uma criança americana consome o equivalente a 50 crianças africanas da região subsaariana;

10) Cerca de 200 milhões de crianças de países pobres tiveram seu desenvolvimento físico afetado por não ter uma alimentação adequada, segundo o Unicef.


Por que tantos passam fome?


*Dados extraídos do Adital publicado pela Humanitas/Unisinos/Cepat

Instituto Humanitas Unisimos, Universidade do Vale do Rio dos Sinos unisinos / Centro de pesquisa e apoio aos trabalhadores.






É lamentável que um país como o nosso Brasil, de tantas riquezas e tantas belezas, seja um país sem leis, onde a impunidade impera e nos deixa a mercê das barbáries praticadas pelos criminosos que o nosso código penal sustenta com sua ineficácia.



Malú Rossi