Sejam bem vindos todos os que trazem tochas acesas nas mãos

e também aqueles que como eu, anseiam pela luz.



sábado, 20 de novembro de 2010

Violência x impunidade

A violência não se justifica em nenhuma classe social, porém, é mais inaceitável ainda quando vemos jovens de classe média alta atentarem contra a vida alheia por puro prazer, numa demonstração monstruosa de falta de educação, de valores, de limites, como vimos acontecer esta semana em São Paulo. Rapazes que poderiam usar a condição privilegiada que possuem para se projetarem de maneira positiva no cenário social, político ou econômico do país, preferem se valer desta condição para espalhar a violência.
Os "índios Galdinos" continuam sendo agredidos até a morte por estes monstros cruéis criados nos laboratórios-lares administrados por pais irresponsáveis, descuidados, ocupados demais e sem tempo para educar e amar seus filhos e portanto, tão monstruosos quanto suas crias.
- Já passa da hora de nossas leis serem revistas e prever punições severas e "aplicáveis" também para pais que criam filhos bandidos e assassinos.
- Já passa da hora de mudar a lei da maioridade penal e passar a considerar "maioridade penal" o momento em que o indivíduo comete o crime.
- Já passa da hora da sociedade conhecer quem são os criminosos que espalham terror pela cidade, divulgando seus rostos na TV ao invés de cobri-los com roupas ou tecnologia de imagem.
- Já passa da hora do povo brasileiro parar de fazer passeatas inúteis que só servem pra congestionar o trânsito e se mobilizar de maneira mais efetiva e inteligente em favor da revisão urgente de nossa constituição. A impunidade precisa deixar de ser a única "lei" que impera neste país, protegendo vagabundos, políticos, bandidos de todos os tipos e assassinos violentos que matam por prazer, por dinheiro, a toa, porque são loucos ou seja lá qual for o motivo.
Não adianta sair às ruas para pedir paz quando a violência continua protegida pela ineficácia de nossas leis. Se for para chamar a atenção, façamos então um enorme movimento pela revisão de nossa carta magna, que garanta a devida punição aos criminosos, independente de sua classe social. Quem sabe, se mudarmos nossas leis e passarmos a aplicá-las com mais rigor, num futuro próximo nossos "índios Galdinos" voltem a dormir tranquilamente nos bancos das praças e nossas passeatas deixem de ser um grito de socorro para se tornarem uma verdadeira celebração de paz.

Em Breve!


Vem ai o 
Projeto Motivar. Aguardem.

Fique por dentro - Programa Fica Vivo/MG

O Programa de Controle de Homicídios Fica Vivo, criado em 2003, objetiva intervir na realidade social antes que o crime aconteça, diminuindo os índices de homicídios e melhorando a qualidade de vida da população. O programa faz acompanhamento especializado e oferece diversas oficinas culturais, esportivas, profissionalizantes e de lazer para jovens de 12 a 24 anos em situação de risco social e residentes em áreas que concentram indicadores elevados de homicídio.

O programa é uma ação desenvolvida pelo Governo do Estado em parceria com as Polícias Militar e Civil, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o Ministério Público, o Poder Judiciário e as prefeituras municipais. Ele é implementado pela Superintendência de Prevenção à Criminalidade (Spec), por meio dos Núcleos de Prevenção à Criminalidade (NPCs), que são espaços físicos localizados nas próprias comunidades.

Entre 2003 e 2009, os jovens participaram de 637 oficinas voltadas para o esporte, cultura e lazer, bem como de projetos institucionais, como olimpíadas e exposição de grafite, e de cursos técnicos profissionalizantes. No ano passado, foram realizados 19421 atendimentos. O Fica Vivo! conseguiu reduzir em até 50% os índices de homicídios nas regiões atendidas, a partir de ações que combinam repressão qualificada e inclusão social.
  
Em setembro de 2006, o programa foi escolhido como um dos 48 finalistas do Prêmio Global de Excelência de Melhores Práticas para a Melhoria do Ambiente de Vida – Prêmio Dubai, criado pelo Centro da Nações Unidas para Assentamentos Humanos (UN-Habitat) em parceria com a Municipalidade de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Foram inscritas 703 práticas de 88 países, sendo 243 projetos da América Latina e Caribe. Dos 48 finalistas, apenas dois são brasileiros e um deles é o Fica Vivo!.

Como funciona

As atividades do programa são baseadas em dois eixos de atuação: intervenção estratégica e proteção social. O grupo de intervenção estratégica reúne os órgãos de defesa social (Polícias Civil, Militar e Federal), o Poder Judiciário, o Ministério Público, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e as prefeituras municipais. Esse eixo tem como responsabilidade o planejamento e a coordenação de uma repressão qualificada e eficiente.

O eixo proteção social se constitui a partir de ações de atendimento e de trabalho em rede. Os atendimentos são destinados a jovens na faixa etária de 12 a 24 anos e visam favorecer a construção de modos de vida distintos do envolvimento direto com a criminalidade.  O trabalho em rede objetiva incluir na pauta de discussão o tema da prevenção à criminalidade.  As ações de atendimento são realizadas através dos seguintes instrumentos: oficinas, atendimentos psicossociais, projetos locais, multiplicadores e grupos de jovens.  As oficinas são estratégias de aproximação e atendimento aos jovens articuladas às características das áreas atendidas, tais como aspectos criminais, culturais, sociais, históricos e geográficos. Elas são implantadas em diferentes locais das áreas de abrangência do Núcleo de Prevenção à Criminalidade articulando aspectos da singularidade do jovem e o acesso aos direitos sociais.
As oficinas têm como objetivos específicos:
Prevenir a criminalidade;
Prevenir e/ou facilitar a circulação dos jovens;
Potencializar o acesso dos jovens aos serviços e aos espaços públicos;
Garantir aos jovens o acesso ao esporte, lazer, cultura e formação profissional;
Possibilitar a vivência do direito de ir e vir;
Favorecer a inserção e a participação dos jovens em novas formas de grupos;
Trabalhar temas relacionados à cidadania e aos direitos humanos;
Possibilitar a criação de espaços de discussão e resolução de conflitos e rivalidades.
Informações Fica Vivo: 2129-9620

Endereços e contatos
O Fica Vivo é desenvolvido, atualmente, em 27 Núcleos de Prevenção à Criminalidade:
Belo Horizonte

Barreiro
Rua A, 10, Conjunto Vila Esperança
(31) 3381.5557/ 5712

Boréu
Rua José do Carmo Oliveira, 135 – Minas Caixa
(31) 3451.7329/3568

Cabana do Pai Tomás
Rua São Geraldo, 110 – Cabana do Pai Tomás
(31) 3321.3447/ 3386.1227

Conjunto Felicidade
Rua Tenente João Ferreira, 85 – Jardim Guanabara
(31) 3435.3569/ 1381

Morro das Pedras
Rua Gama Cerqueira, 1117 – Jardim América
(31) 3377.8626/ 8657

Pedreira Prado Lopes
Rua Araribá, 235 – São Cristóvão
(31) 3422.5693/ 5567

Ribeiro de Abreu
Rua Feira de Santana, 12 – Ribeiro de Abreu
(31) 3435.9583

Santa Lúcia
Beco Santa Inês, 30 – Santa Lúcia
(31) 3297.5975/ 3293.7307

Serra
Rua Bandônion, 122 – Serra
(31) 3282.6652

Taquaril/ Alto Vera Cruz
Rua Antão Gonçalves, 360 – Taquaril
(31)n 3483.2366/ 2364

Jardim Leblon
Rua Inglaterra, 226 – Jardim Leblon
(31) 3450.7963/ 3451.3596


Região Metropolitana

Betim
Rua Açará, 31 – Jardim Teresópolis
(31) 3591.7422/ 6940

PTB – Rua Rio Jarpes, 104 – Jardim Santa Cruz
(31) 3592.9419/ 9508
Rua Dr. José Mariano, 743 – Citrolândia
(31) 3531.2345/ 1223

Contagem
Rua VL-06, 1880 – Nova Contagem
(31) 33928091/ 8039

Ribeirão das Neves
Rua Daila, 62 – Rosaneves
(31) 3625.8928/ 9317

Avenida Dionísio Gomes, 200/ 202 – Veneza
(31) 3626.3078/ 3176

Sabará
Rua Minas Novas, 235 – Nossa Senhora de Fátima
(31) 3672.2221/ 2600

Santa Luzia
Rua Estefânia Sales Sotero, 155 – Palmital
(31) 3635.7050/ 3637.2220/ 3635.6831

Rua Bahia, 782 – Via Colégio São Benedito
(31) 3627.3570/ 3636.8725

Vespasiano
Avenida Existente, 1447 – Morro Alto
(31) 3621.1191/ 2515


Interior

Governador Valadares
Avenida Coqueiral, 176-B – Turmalina
(33) 3221.9250/ 3272.9838

Ipatinga
Avenida Gerasa, 3251 – Betânia
(31) 3827.3748/ 3795/ 3829.8493

Montes Claros
Avenida João XXIII, 2015 – Santo Reis
(38) 3212.7622/ 8116

Rua Jequitinhonha, 107 – Alto São João
(38) 3215.1897/ 3224.3005

Uberlândia
Avenida Getúlio vargas, 1533 – Tabajaras
(34) 3224.5430/ 3210.6448/ 3212.9188

Uberaba
Rua Caetés, 74 – Abadia
(34) 3322.5276/ 5800

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

IDH: vergonha ou orgulho

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é um dado utilizado pela Organização das Nações Unidas (ONU) para analisar a qualidade de vida de uma determinada população. Os critérios utilizados para calcular o IDH são: Produto Interno Bruto (PIB) per capita (calculado com base na paridade de poder de compra); educação (taxa de alfabetização da população adulta e número médio de anos cursados na escola); nível de saúde (expectativa de vida da população e taxa de mortalidade infantil). O Índice de Desenvolvimento Humano varia de 0 a 1, quanto mais se aproxima de 1, maior o IDH de um local.

O Brasil apresenta IDH de 0,813, valor considerado alto, atualmente ocupa o 75° lugar no ranking mundial. A cada ano o país tem conseguido elevar o seu IDH, fatores como aumento da expectativa de vida da população e taxa de alfabetização estão diretamente associados a esse progresso.

No entanto, existem grandes disparidades sociais e econômicas no Brasil. As diferenças socioeconômicas entre os estados brasileiros são tão grandes que o país apresenta realidades distintas em seu território, e se torna irônico classificar o país com alto Índice de Desenvolvimento Humano. 

Segundo o jornal Correio da Bahia, o membro do Conselho Nacional de Educação (CNE) Cesar Callegari acredita que o ranking global não reflete a atual realidade do ensino brasileiro, embora a nova metodologia empregada na avaliação do IDH seja melhor, na opnião dele. Em vez de levar em consideração a taxa de analfabetismo e o número de matrículas nos três níveis de ensino, o Pnud passou a apurar a média de anos de estudo e a expectativa de escolaridade. Cesar Callegari ressalta também as desigualdades regionais.

“A nova metodologia é mais fidedigna porque mede alguns valores que não vinham sendo levados em consideração, mas há algumas políticas recentes que ainda não foram avaliadas nesse índice, principalmente no tocante ao financiamento do sistema”, disse Callegari. “Por outro lado, os indicadores não revelam um problema de nossa educação, que são as desigualdades regionais”. Para ele, o próximo governo também deve dar especial atenção à melhoria da carreira do magistério.O coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara, considera que, mesmo que os novos critérios adotados pelo Pnud tenham prejudicado países em desenvolvimento (que intensificaram seus investimentos no setor nos últimos anos) como o Brasil, o índice não deixa de refletir o fato de que a educação no país é ruim e precisa melhorar urgentemente.

“A mudança, de fato, é menos sensível às políticas que o Brasil vem adotando nos últimos quatro anos. Isso é fato, mas não desabona o levantamento. A educação brasileira ainda não está bem encaminhada. Ela ainda é de uma qualidade sofrível e precisamos tomar medidas urgentes, com ações conjuntas de estados, municípios e União”, declarou Cara. As informações são da Agência Brasil.

Atualmente o ranking do Índice de Desenvolvimento Humano no Brasil é o seguinte:

1° - Distrito Federal – 0,874
2° - Santa Catarina – 0,840
3° - São Paulo – 0,833
4° - Rio de Janeiro – 0,832
5° - Rio Grande do Sul – 0,832
6° - Paraná – 0,820
7° - Espírito Santo – 0,802
8° - Mato Grosso do Sul – 0,802
9° - Goiás – 0,800
10° - Minas Gerais – 0,800
11° - Mato Grosso – 0,796
12° - Amapá – 0,780
13° - Amazonas – 0,780
14° - Rondônia – 0,756
15° - Tocantins – 0,756
16° - Pará – 0,755
17° - Acre – 0,751
18° - Roraima – 0,750
19° - Bahia – 0,742
20° - Sergipe – 0,742
21° - Rio Grande do Norte – 0,738
22° - Ceará – 0,723
23° - Pernambuco – 0,718
24° - Paraíba – 0,718
25° - Piauí – 0,703
26° - Maranhão – 0,683
27° - Alagoas – 0,677

Analisando o ranking, as diferenças socioeconômicas no país ficam evidentes, sendo as regiões Sul e Sudeste as que possuem melhores Índices de Desenvolvimento Humano, enquanto o Nordeste possui as piores posições. Nesse sentido, se torna necessária a realização de políticas públicas para minimizar as diferenças sociais existentes na nação brasileira.

Por Wagner de Cerqueira e Francisco
Graduado em Geografia
Equipe Brasil Escola

Para mim, a impressão que fica é que, por onde quer que avaliemos o IDH brasileiro, seja dividido em regiões ou como um todo, ainda não há o que comemorarmos. Subir quatro pontos percentuais em comparação com a avaliação do ano passado, num universo de 169 países e ocupar o 73° lugar, num ranking liderado pela Noruega , apesar de ser um avanço, é uma posição lamentável . Somos uma nação que dispõe de recursos para serem investidos de forma a promover um avanço mais expressivo no IDH mas não o fazemos. A educação e a saude, que são a mola propulsôra para crescermos no IDH, recebem as luzes dos olofotes apenas em campanhas eleitorais. Passado esse período, seguem sobrevivendo com o que sobra da ganância e do descaso de nossos governantes. 

Todos os governantes que por aqui passaram discursaram efusivamente a favor dos investimentos nestas duas áreas em especial, mas  engavetaram suas promessas juntamente com suas falas decoradas. Há anos convivemos com o caos na saude pública e na educação. Prova recente do descaso de nossos governantes foi dado recentemente na vergonhosa aplicação do ENEM/2010 que  provou que não há seriedade, não há compromisso com a educação nem tão pouco com os jovens brasileiros, que ironicamente são chamados de "futuro da nação".   

domingo, 24 de outubro de 2010

Roberto Shinyashiki - Vamos nos unir pelo que, realmente, vale a pena.

 
Texto de Roberto Shinyashiki
 
Olá Amigos,

Esses dias recebi uma mensagem do professor Fabrício, que me tocou muito. Nós estamos colocando muita emoção no futebol e pouca energia em acertar este país!
Futebol é só um esporte, onde muita gente (inclusive muitas delas corrupta) ganha dinheiro com uma paixão de pessoas, na maioria das vezes ingênua e mal orientada.
As pessoas têm que usar sua energia para algo mais nobre do que atazanar a paciência de um amigo porque o seu time perdeu. Gostaria de ver a mesma  mobilização do nosso povo com o futebol, com relação às críticas aos jogadores, acontecendo também para acabar com a corrupção em nosso país. Aqui vai o texto do professor Fabrício, com minha adaptação:

“Por que estou vendo tantos brasileiros chorando com a perda de um jogo ou de um campeonato? Acho que estou fora de contexto.
Nunca percebi as pessoas reclamando unidas  quando o governo aumenta a carga tributária,
Nunca percebi o povo  reclamando quando as verbas para segurança pública não são repassadas,
Nunca percebi a massa fazendo passeata quando o comércio de drogas ou tráfico de armas aumenta,
Nunca percebi alguém mandando emails em massa para mostrar indignação quando a policia encontra dinheiro na cueca do militante político,
Nunca percebi uma manifestação organizada por termos um sistema de educação com muitos problemas,
Nunca vejo a revolta por vermos um governo que investe bilhões de reais em estádios quando as nossas escolas e hospitais carecem de tantas coisas.
A prova do Enem novamente foi fraudada e não vi uma revolta contra esse absurdo.
O governo explica a corrupção dizendo que existe corrupção em outros países e ninguém vem desmascarar o argumento.
Pode haver estupros no Brasil porque isso ocorre em todas as partes do mundo?
Querem a cabeça do técnico do time e se mobilizam!
Escrevem emails para jornalistas, pixam os muros, gritam nos estádios, fazem gritarias nos treinos e jogos.
E as passeatas contra a corrupção?
Brasil, acorda! Chega de distração!
Por que as pessoas não vão até a câmara dos deputados e os palácios dos governos com a mesma intensidade com que choram a derrota do seu time?
O choro dos brasileiros em razão da derrota do seu time  é reflexo de um país que está perdendo a noção do que realmente importa.
A pessoa não tem força para enfrentar tantos absurdos em nossa sociedade e só se canaliza essa energia para vaiar o seu time.
Todas as noites de quarta-feira tem jogo de futebol. Há pouco tempo sabíamos que time havia marcado o gol pelo som dos gritos dos seus torcedores. Atualmente não sabemos mais se é a torcida do time ou a torcida contraria comemorando o sofrimento dos torcedores do time que está perdendo.
Tripudiar sobre o sofrimento alheio!
Tripudiar sobre o sofrimento de um amigo!
Pelo amor de Deus, usem a sua energia para escrever emails denunciando a corrupção.
Façam cartazes para derrubar políticos incompetentes!
Tripudiem com os profissionais públicos que não valem o salário que recebem.
Querem ir para as ruas?
Vamos nos manifestar nas questões que realmente importam!
Tripudiem sobre os eleitores que dizem que vão votar em candidatos que roubam, mas fazem.
O futebol é só um esporte e o nosso país é o lugar onde exercemos a capacidade de mudar o mundo!”

Um grande abraço,

Roberto Shinyashiki 

sábado, 23 de outubro de 2010

José Serra e a lei Maria da Penha

Um breve comentário sobre a disputa presidencial, considerando aqui a ótica feminina, além de todas as outras transgressões  "psdbistas" cometidas pelo candidato do partido:

Se a lei Maria da Penha funcionasse, deveria ser aplicada ao candidato José Serra. Sua campanha agressiva e vergonhosa agride não só a candidata Dilma Rousseff mas também a todo eleitorado feminino. 

COP 1O - Nagoya, Japão

Até o próximo dia 29/10 estamos vivendo um período que pode ser decisivo para as cerca de 50 bilhões de espécies de animais, vegetais, fungos, bactérias e demais seres vivos que habitam a Terra. Começou dia 19, em Nagoya, no Japão, a 10ª Conferência das Partes (COP-10) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica.   

A reunião tem o objetivo de avaliar o que foi feito nos últimos 10 anos para salvar as milhares de espécies que correm risco de desaparecimento e fixar novas metas sobre o tema. Os dados preliminares, porém, não são animadores: poucos compromissos assumidos pelos países há uma década se transformaram em realidade, e a natureza nunca esteve tão ameaçada.

Em 2000, na conferência realizada em Cartagena, na Colômbia, 175 países se comprometeram a cumprir, até este ano, 21 objetivos para a preservação da diversidade de vida no planeta. Agora que esse prazo expirou, nenhum país pode dizer que atingiu todos os objetivos presentes no documento, intitulado Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB). 

O Brasil passou perto e conseguiu avançar em alguns deles, como na redução do desmatamento e das queimadas, e chega à convenção como protagonista.
Para o secretário interino de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente (MMA), João de Deus, o Brasil tem boas condições de exercer um papel de liderança nas negociações. "Apesar de não atingir totalmente as metas, o país chega como um protagonista, tanto por abrigar a maior diversidade do planeta quanto por ter feito o possível e um pouco mais para atingir o acordado na COP-6 (de Cartagena)", afirma.

Vamos acompanhar e torcer para que as negociações garantam a sustentabilidade e a vida no planeta.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Um exemplo de amor e coragem

Esta não é uma postagem comum. É a reprodução de uma matéria belíssima, que nos envolve de forma emocionante e nos conduz a uma verdadeira reflexão do que podemos fazer para tornar nossa vida verdadeiramente útil para os outros e para nós, seja qual for a nossa vocação. O importante é que empreguemos nossa coragem e nosso amor na construção de um mundo melhor.
Para conhecer melhor o trabalho extraodinário desta dentista, visitem o blog da Drª Adriana Zink, esta dentista que se especializou em pacientes especiais e se tornou a "encantadora de autista", como ficou carinhosamente conhecida. Navegando em seu blog, descobrimos que ela encanta  não somente aos autistas mas também a todos nós que temos muito a aprender com ela.

A matéria a seguir foi publicada na revista SENTIDOS edição deste mês de outubro/2010

É brincando que se atende

Com brinquedos e figuras, a dentista Adriana Zink consegue driblar o difícil comportamento dos autistas

Por Marina Miranda Foto Douglas Daniel

Em um consultório simples no bairro Tucuruvi, zona norte de São Paulo, o dia mal começou e a dentista Adriana Gledys Zink se prepara para mais uma jornada de trabalho. No jaleco, o primeiro indício de que ela não é uma profissional comum. O orgulho pelo que faz está marcado em letras garrafais na cor azul em meio ao branco da roupa: Dra. Adriana - Pacientes Especiais. Seu primeiro paciente chega fazendo barulho. Dá para ouvir sua agitação na sala de espera, a alguns metros do consultório. É Lucas Ferragut Melo, 17 anos, que se consultará pela segunda vez. De repente, o jovem moreno, alto, com cabelo curtinho e semblante bem-humorado entra de supetão na sala. Seu olhar percorre o consultório à procura de algo. Verificando cada detalhe, ele segue em direção à cadeira de dentista, separada do restante do consultório por um biombo. Depois, retorna para o espaço onde Adriana mantém um computador (com fotos de pacientes), uma mesa e cadeiras, percebe o tapete colorido no chão e se anima com uma boneca Barbie loira. A empolgação é tanta que ele a pega no colo e, em vez de se direcionar para a cadeira e iniciar o tratamento, sai da sala com ela nos braços dizendo: "Vou levá-la". Rapidamente, Adriana o chama de volta e se levanta para buscá-lo. Antes, porém, me olha com um sorriso de satisfação genuíno: "Você viu que ele veio? Tinha certeza que ia procurar a boneca que ficou esperando por ele na consulta anterior".

 E, assim, começa, definitivamente, mais um dia de trabalho para a dentista que se especializou em atender autistas. Para tanto, teve de desenvolver e adaptar técnicas. Com Lucas, por exemplo, ela aproveitou a predileção do garoto por bonecas para motivá-lo a voltar à próxima consulta: a boneca o esperaria para que "os dois" dessem continuidade ao tratamento. E funcionou. Lucas só largou a Barbie, depois que terminou a consulta, para colocá-la numa bancada onde ela o aguardará até a próxima visita. Adriana estava ansiosa para saber se ele procuraria o brinquedo e, ao final, o seu sorriso comprovou não só que houve o resultado esperado, mas que cada progresso de seus pacientes é também uma vitória para ela.
Formada em odontologia há 16 anos pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC), Adriana tem especialização em Pacientes com Necessidades Especiais, pela Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas (APCD). Atualmente, é professora na APCD e voluntária no Projeto Social da Escola de Samba Unidos de Vila Maria, onde atende pacientes com deficiência todas as quartas-feiras gratuitamente. Ela também ministra cursos na área de condicionamento lúdico para o tratamento odontológico e preventivo; é membro do Movimento Orgulho Autista Brasil e colaboradora da Revista Autismo. Há sete anos trabalha com pacientes autistas, dos mais tranquilos aos de comportamento difícil, que não falam ou costumam bater.
Em janeiro entregou um projeto de mestrado à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), de adaptação do PECS (sigla em inglês para o Sistema de Comunicação pela Troca de Figuras, na qual a comunicação com a criança é feita por imagens). Em seu consultório, por exemplo, há figuras de bocas, cadeira de dentista, instrumentos utilizados para odontologia. Sua intenção é diminuir o número de pacientes que vão para anestesia geral, desonerando o Estado, e reduzir o estresse desses pacientes com consequente melhora na qualidade de vida. O projeto foi negado. Entre as alegações, segundo Adriana, a falta de um orientador capacitado - um caso complicado, pois o projeto é inédito e só ela faz este tipo de trabalho no País. A frustração inicial, no entanto, não a impediu de tentar novamente. A encantadora de autistas, como é conhecida na APCD, vai descobrir a melhor alternativa. Ao que parece, ela sempre consegue.
Que motivos a levaram para tratar de autistas?
Foi tudo meio por acaso. Formei-me em 1994 e resolvi fazer a especialização em Pacientes com Necessidades Especiais, pela APCD, em 2003. Desde então, comecei a trabalhar aqui no consultório. Entre os pacientes especiais, o mais difícil é o autista, porque tem a questão do comportamento. Nesses sete anos foram os que mais apareceram. Foi aí que comecei a ver que precisava saber mais para atendê-los. Dentro do universo de pacientes com deficiência sabe-se pouco sobre autistas.
Como é o primeiro contato com o autista?
A primeira consulta é com os pais, e leva de uma a duas horas. Eu mostro tudo para eles, o consultório, as técnicas que uso, falo do PECS e do Son-Rise (método que visa usar as preferências e os gostos dos autistas como recurso de comunicação e aprendizagem). Eles também respondem a um questionário, no qual pego detalhes da criança, tanto da parte odontológica como pessoal: o que ela gosta, o que não gosta, se há comunicação, se fala, se fica sentado para comer, etc. Aproveito para dar dicas que ajudem no dia a dia da família e aqui no consultório. É uma troca de experiência, eles passam o problema e aqui tento adaptar para mim.
Qual método utiliza para se aproximar do paciente no primeiro contato?
É muito individual. Não tem um padrão. Por exemplo, veio um paciente que mora em Israel e está de férias aqui. A mãe me contou que o que o filho mais gosta são canudos e bolhas de sabão e que não gosta de barulho, nem de roupa branca. Então, eu o atendi com o jaleco azul. Eu anoto cada detalhe da consulta na ficha do paciente. No caso do Isaac, na primeira sessão, ele se sentou na calça da vovó (uma calça com enchimento usada por fisioterapeutas), brincou no cavalinho e com os canudos que tanto ama e me deixou passar o flúor nele no chão mesmo. Já na segunda sessão, passei a calça da vovó para a cadeira e ele se sentou. Neste paciente, uso os canudos como forma de troca. Cada vez que ele faz algo correto eu faço festa, jogo bolhas de sabão e dou os canudos.
Quando atendo crianças que já utilizam o Son-Rise, a consulta se torna mais fácil, pois elas já estão acostumadas. Agora quando não há o costume, se elas não conhecem o método, passo a utilizar e a mãe acaba usando em casa também. Eu ob- servo bastante para ver o que é melhor de se aplicar. Claro, que alguns precisam usar as faixas de contenção, mas tem de saber fazer. Se você usa as faixas e a criança não mostra resistência, não sente dor, da próxima vez que precisar fazer a contenção será mais tranquilo. Não adianta você usar a faixa e ela sofrer porque não vai querer usar da próxima vez.
Quais são as resistências mais comuns e o que fazer?
Normalmente, o autista não gosta de barulho e roupa branca, mas é muito pessoal. Alguns não gostam de pessoas novas. Essa questão do barulho é complicada porque muitos instrumentos que utilizo são barulhentos, então, condiciono a mãe a adaptar o filho ao som forte - secar o cabelo dele em casa é uma boa saída, ou colocá-lo na cozinha quando for usar o liquidificador. Essas são algumas ações simples para acostumar os filhos ao ruído.
Há crianças que, às vezes, não querem passar da porta, porque tem o novo, não sabem o que vai ser feito e algumas já sofreram, então resistem. Aí entra o Son-Rise: mostro os brinquedinhos, e tento conquistá-las. Em algumas ocasiões, aquelas que sofreram, ao ver a cadeira, já se jogam no chão, por isso o tapete exatamente ali (perto da porta). Quando isso acontece, tiro o foco da cadeira e começo a trabalhar no chão.
Às vezes, o trauma é dos pais. Tenho uma paciente que se chama Roberta, 37 anos, cega, e que nunca tinha ido ao dentista, ou foi quando era muito pequena. Essa jovem mordeu a bochecha da fonoaudióloga em uma sessão e a mãe ficou traumatizada. Há quatro anos trata a filha comigo. Nas primeiras sessões foi um estresse enorme, precisei contê-la com faixas, não teve jeito. Por ela ser cega, não havia contato visual nenhum, só o tato. Com o tempo percebi que a música a deixava calma. Quando eu cantava, ela se acalmava, então comprei um CD de música clássica e, quando a Roberta vem, ponho o CD e fico quietinha, não falo nada e ela fica atenta à música. Essa paciente vem a cada dois meses para o dia da faxina - como chamo -, me toca, me cheira e com a música me deixa tratá-la. Quando começa com os movimentos bruscos, demonstra inquietude, eu encerro a consulta.
Qual foi o caso que mais a emocionou?
Teve um caso de um menino com comportamento autístico. Ele chegou aqui em 2008, na época havia a epidemia de gripe suína e eu estava muito resfriada, por isso fiquei em casa. Ele chegou com o rosto inchado, estava com uma cárie enorme, chorando e chegou batendo, mordendo. O meu marido (Marcelo Diniz de Pinho) é bucomaxilofacial e não atende pessoas com deficiência, mas sabe o que faço. Então, o Marcelo ligou para mim e eu falei: "Você sabe como fazer, tenta". Do jeito que o garoto estava não teve outro jeito a não ser segurá-lo para fazer a intervenção. Na outra sessão, o paciente veio todo feliz porque a dor tinha acabado. Há uns dois meses precisou tirar um dentinho de leite. Quando ele viu a figura da anestesia no PECs, me deu um soco. Nessa hora, é necessário manter a calma e explicar que não é assim que se faz. O paciente não fala, mas percebi que queria que o Marcelo o anestesiasse porque foi ele quem o atendeu pela primeira vez. Então, o levei para o Marcelo, que fez a anestesia e eu tirei o dente. Isso foi muito legal porque prova como é importante a confiança.
Teve algum caso que sentiu que era perdido e por quê?
Caso perdido não tem. Eu também nunca desisti de um, o que acontece são pais que querem tratamento imediato e preferem a anestesia geral para terminar logo. Mas tem casos mais demorados. Tem um garoto, de 12 anos, que está comigo há três meses e ainda não consegui levá-lo para a cadeira. A mãe dele é maravilhosa, mas tem muito medo que a gente o faça sofrer e isso, às vezes, dificulta porque eu sei como é. Tenho dois filhos, você tem de confiar no profissional. Então, foram muitas sessões para ela perceber que eu não ia fazer mal ao filho. Uma vez uma mãe me contou que tinha levado a filha a uma consulta com uma gastroenterologista e a médica confidenciou: "Eu nunca atendi isso!". Como que uma mãe pode escutar algo assim se está procurando um tratamento? O que falta não é só formação, falta um pouquinho de sensibilidade, de consciência e de amor no que faz. Se você trata com amor, o retorno é enorme.

APCD
Rua Voluntários da Pátria, 547 - Santana - São Paulo
Site: www.apcd.org.br
Escola de Samba Unidos de Vila Maria
Rua Cabo João Monteiro da Rocha, 448
Site: www.unidosdevilamaria.com.br
 

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Dicas de sustentabilidade - Mundo Verde

  • Antes de jogar fora as embalagens de produtos, verifique se elas não podem ser reaproveitadas para embalar presentes, organizar gavetas etc. Antes de reciclar é preciso reutilizar.
  • Em sua residência não utilize o vaso sanitário como lixeira. Papel, cotonetes, absorventes e preservativos que são descartados pela rede de esgoto ficam depositadas no fundo do mar e voltam para a areia em dias de ressaca. 
  • O alumínio que sai da fábrica em forma de lata leva em média 30 dias para voltar ao mercado como matéria-prima para a fabricação de outra lata. A lata de alumínio é a única embalagem que pode ser inteiramente reciclada para a fabricação de outras latas idênticas, de forma econômica e auto-sustentada.
    Quando a lata é reciclada, economiza-se 95% da energia elétrica utilizada na produção do metal a partir da bauxita (minério de onde é extraído o alumínio).
  • Recicle!
    Reciclar significa transformar os restos descartados pelas residências, indústrias, lojas e escritórios, em matéria-prima para a fabricação de outros produtos.
  • Vidros - No processo de reciclagem são moídos e depois transformados em novos copos, garrafas e embalagens. Não se pode fazer isso com espelhos e lâmpadas, porque sua composição química não permite. 
  • A reciclagem do vidro reduz em 32% o consumo de energia em relação à produção de vidro novo.
  • A madeira certificada é aquela que vem com um selo indicando que é proveniente de reflorestamento e foi retirada da natureza de forma sustentável. Quando for adquirir madeira, exija o certificado.
  • Sempre que possível, deixe seu carro em casa: pegue uma carona, ande a pé, de bicicleta ou use transporte público. A bicicleta, por exemplo, é uma ótima opção. Além de não poluir, é um meio de transporte que faz bem à saúde.
  • Cultive plantas em sua casa. Elas refrescam o ambiente e deixam seu lar mais bonito e colorido. Faça sua parte pelo Mundo, plante uma árvore.
  • Pinte sua casa com clores claras. Elas refletem a luz do sol e deixam os ambientes iluminados e frescos. A utilização de cortinas claras também é indicada, pois refletem o calor e você gasta menos com ar condicionado e ventiladores.
  • Reutilize a água da máquina de lavar para lavar a calçada, o quintal ou o carro. Seja consciente: mais de 9 milhões de residências brasileiras não têm acesso à água potável.
  • Seja um consumidor consciente. Não acenda luzes desnecessariamente durante o dia. Prefira lâmpadas econômicas e desligue os aparelhos eletrônicos quando acabar de usar.
  • Prefira equipamentos mais eficientes (com selo procel), e economize energia elétrica.
  • Cerca de 30% de todo o lixo é composto de materiais recicláveis como papel, vidro, plástico e latas. Tirar esses materiais do lixo traz uma série de vantagens. Uma delas é poupar recursos naturais e energia com a reciclagem. Recicle, pratique a coleta seletiva.
  • REDUZA, REUTILIZE E RECICLE
    REDUZA o uso de sacolas plásticas
    REUTILIZE as sacolas plásticas em suas compras
    RECICLE as sacolas plásticas não utilizadas
  • Adquira uma ecobag e ajude na preservação do planeta!
  • Antes de jogar fora as embalagens de produtos, verifique se elas não podem ser reaproveitadas para embalar presentes, organizar gavetas etc. Antes de reciclar é preciso reutilizar.
  • Um buraco de 2mm (um pouco maior que a cabeça de um alfinete) em um cano desperdiça até 3.200 litros de água por dia. Essa quantidade, seria suficiente para suprir a necessidade de água para beber de uma família de 4 pessoas por cerca de um ano.
  • Faça uma revisão nas instalações de água de sua residência. Assim você evitará o desperdício de água, nosso bem mais precioso.
  • Preserve o VERDE, o mundo é seu.
Colaboração: mundoverde.com

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

A queda do céu

Bloger do ISA - INSTITUTO SÓCIO AMBIENTAL

A partir de relatos do xamã e líder yanomami Davi Kopenawa, nasce a publicação A queda do céu, testemunho da cultura de um povo, além de manifesto xamânico e grito de alerta vindo do coração da Amazônia.
Com 800 páginas contendo dois cadernos com 16 fotos cada, o livro A queda do céu, Palavras de um xamã yanomami, foi lançado no último fim de semana, dia  30 de setembro, na França, pela coleção Terre Humaine da editora Plon. Foi escrito a partir de relatos de Davi Kopenawa, recolhidos em língua yanomami pelo etnólogo Bruce Albert, seu amigo há mais de 30 anos.
O líder Yanomami relata sua história e suas meditações de xamã frente ao contato predador dos brancos com o qual seu povo teve de se defrontar depois dos anos 1960. Ao final, ele alerta em tom profético que quando a Amazônia sucumbir à devastação desenfreada e o último xamã morrer, o céu cairá sobre todos e será o fim do mundo.
O livro, cujos direitos de publicação no Brasil foram adquiridos pela Companhia das Letras, é composto de três partes: a primeira, Tornar-se outro, retrata a vocação xamânica de Davi desde a infância até sua iniciação na idade adulta, descrevendo a riqueza de um saber cosmológico secular. A segunda parte, denominada A fumaça do metal, relata por meio de sua experiência pessoal, não raro dramática, a história do avanço dos brancos sobre a floresta – missionários, garimpeiros entre outros – e sua bagagem de epidemias, violência e destruição. Finalmente, a terceira parte, A queda do céu, refere-se à odisseia vivida por Davi ao denunciar a dizimação de seu povo nas viagens que fez à Europa e aos Estados Unidos. Entremeado por visões xamânicas e por meditações etnográficas sobre os brancos, o relato termina em um profético apelo que anuncia a morte dos xamãs e a “queda do céu” sobre aqueles que Davi chama de “o povo da mercadoria”.
“É um dos mais impressionantes testemunhos reflexivos jamais oferecidos por um pensador oriundo de uma tradição cultural indígena”, avalia o antropólogo Eduardo Viveiros de Castro, do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro. “Fruto da colaboração exemplar entre dois intelectuais, um xamã ameríndio e um antropólogo europeu, o livro é uma prova eloquente do brilhantismo da imaginação conceitual indígena, de sua potência analítica e sua nobreza existencial. As reflexões de Davi Kopenawa, magistralmente traduzidas e cuidadosamente comentadas por Bruce Albert, constituem uma autêntica antropologia indígena, uma visão do homem e do mundo que não mostra qualquer condescendência para conosco, o “povo da mercadoria” – e suas razões são propriamente irrespondíveis. Kopenawa nos dá um aviso e faz uma profecia. Quem tiver juízo, que ouça.”
Atitude verde.
É hora de (re)agir. 
 
Daqui a duas semanas, vai ser realizada em Nagoya, no Japão, a reunião da Convenção sobre diversidade biológica da ONU, a COP 10, o evento mais importante sobre biodiversidade do planeta. O Brasil rumo à conferência da Biodiversidade a partir de 19 de outubro/2010.   














quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Esquemas brasileiros que nos envergonham. Não é a toa que somos o país do carnaval!


Por Fernando Mello
Revista VEJA Edição 2184 / 29 de Setembro de 2010

Na noite do dia 03 de outubro, quando o TSE anunciar o resultado das eleições para o Legislativo, o candidato a deputado federal mais votado no Brasil deverá ser Francisco Everaldo Oliveira Silva, o Tiririca, um palhaço profissional que se apresenta como “abestado” e declara não ter a menor idéia do que significa o trabalho parlamentar. A previsão do Instituto Datafolha é de que cerca de 900.000 eleitores de São Paulo digitarão seu número nas urnas. Parte o fará como um “gesto de protesto”, parte por deboche e parte por indolência (procurar um bom candidato, convenhamos, dá trabalho). Não será a primeira vez que esse tipo de “gaiatice” ocorre. São Paulo, nos anos 50, “elegeu” para vereador um rinoceronte recém-chegado de um zoológico carioca, o Cacareco. A diferença, desta vez, é que, ao contrário do fenômeno Cacareco, a candidatura de Tiririca foi minuciosamente planejada por políticos e marqueteiros profissionais – e com objetivos tão claros quanto maliciosos. Ele foi projetado para “puxar votos” para candidatos que, sem esse artifício, teriam grande dificuldade para se eleger.
O plano Tiririca começou a ser gestado em 2006. Logo depois das eleições daquele ano, duas legendas uniram em nome da sobrevivência: o Partido Liberal (PL), do mensaleiro Valdemar Costa Neto, e o Partido da Reedificação da Ordem Nacional (PRONA), de Enéias Carneiro. Ameaçados de extinção diante da exiguidade dos votos amealhados, juntaram-se para dar origem ao Partido da República (PR). A partir daí, Enéias, Costa Neto e outros líderes decidiram que o caminho mais eficaz para crescer seria atrair para a sigla pessoas que as atas do PR chamavam de “candidatos com inserção social” – leia-se, famosos de qualquer naipe ou categoria. Enéias Carneiro não acompanhou o desfecho do plano que ajudou a elaborar. Morreu em 2007, vítima de leucemia, mas deixou o picadeiro armado.
Em abril de 2009, o PR paulista encomendou uma pesquisa para saber que “famosos” poderiam ter alto potencial de votação. Entraram na lista o médico Dráuzio Varella, A apresentadora Sabrina Sato, o atacante Ronaldo, o ator Lima Duarte e a empresária Viviane Senna, irmã de Airton Senna. Sabrina ficou entre as finalistas. A apresentadora diz ter recebido “quase dez telefonemas” do partido propondo sua filiação. Não aceitou. Dráuzio Varella foi procurado pessoalmente, mas também declinou: “Respondi que não tinha idade nem vontade para me tornar político”, disse a VEJA. Tiririca então, contratado de um programa humorístico da Rede Record, topou.
O passo seguinte foi a construção de seu discurso de campanha. Por meio de nova pesquisa, encomendada ao mesmo instituto, o PR constatou que o palhaço tinha o perfil necessário para assumir na eleição de 2010, o mesmo papel que o costureiro Clodovil Hernandes havia ocupado na de 2006: o de candidato do deboche. Os slogans que o palhaço repete na TV, como o “Vote em Tiririca, pior do que ta não fica”, não foram criados pelo próprio, mas pelo humorista Zé Américo, do grupo Café com bobagem. A campanha de Tiririca, estimada em 3,5 milhões de reais, é custeada inteiramente pelo PR. Trata-se de um investimento alto, mas que deverá trazer um gordo retorno: pelo menos três deputados do PR ou de partidos coligados poderão ser eleitos “de graça”, de carona nos votos do palhaço. Isto ocorre por causa de um elemento no sistema eleitoral brasileiro, o coeficiente eleitoral. Ele é o resultado da divisão da soma dos votos válidos dados a todos os candidatos e legendas pelo número de vagas disponíveis em um estado. A lei determina que, se os votos de um candidato ultrapassarem esse coeficiente, os excedentes devem ir para seus companheiros de chapa – companheiros barras-pesadas, no caso de Tiririca e do PR. Além do líder do partido, o mensaleiro Costa Neto, estão na fila da carona pelo menos dois deputados envolvidos no escândalo do mensalão: José Genoíno e João Paulo Cunha, do PT, que se coligou ao partido de Tiririca.
A estratégia de usar cacarecos como “puxadores de voto” está longe de ser exclusividade do PR. Diversas legendas tentam emplacar o mesmo expediente. O PTN, por exemplo, aposta na eleição de uma atriz pornô e de uma periforme dançarina com nome de fruta. Já o PSB decidiu investir em craques aposentados do futebol, com muito espaço livre na agenda e no cérebro. A explicação para a disseminação da prática é simples: além de já ter se mostrado eficaz, ela custa pouco. “È mais barato convidar uma subcelebridade, do que formar uma liderança política, trabalho que leva anos”, afirma o cientista político Rubens Figueiredo. Com um único candidato, um partido nanico é capaz de dobrar sua bancada em uma eleição. Cacarecos, Tiriricas e abestados em geral pedem ser ótimos puxadores de voto. O problema é que junto com eles, sempre vem tranqueira barra-pesada.             

Hora de pensar

COLUNA NO GLOBO

Por Míriam Leitão e Valéria Manieiro

Forças e fraquezas

Dilma Rousseff construiu uma versão para a história econômica recente e é protegida de si mesma pela armadura do marketing. José Serra abandonou a identidade que poderia ter e se debate num projeto sem rosto. Marina Silva tem a cara do novo, mas se perde na ambiguidade em relação ao seu antigo partido. Os três têm também forças. Eles nos levarão às urnas em uma semana.
No período em que o Brasil se debateu contra a ditadura, Dilma e Serra se perfilaram no grupo que ficou contra o autoritarismo. Lutaram de forma diferente, mas foram contra o arbítrio e ambos pagaram um preço por isso. Marina, mais nova que os dois, também entrou na vida política pela oposição ao regime, e ingressou na vereda que virou o grande caminho do futuro: o do respeito aos limites do planeta. Nenhum dos três é filho de oligarquias. A situação social em que Dilma nasceu foi melhor do que a de Serra, mas Marina é que cumpriu o mais espantoso roteiro de superação: da pobreza do Seringal Bagaço à senadora mais jovem da República.
Expulsa do paraíso petista, não por seus pecados, mas por suas virtudes, Marina comemorou num fiapo de resposta de Dilma, num debate recente, ter sido reconhecida como parte do governo Lula. Aceita dividir com Dilma os louros de sua maior vitória pelo meio ambiente: a queda do desmatamento.
Os bancos oficiais continuam financiando as atividades que abatem árvores e esperanças; as grandes obras, que sua adversária brande como eixo do seu projeto, para a alegria das empreiteiras, ferem o coração da Amazônia; o modelo energético de Dilma aumentou a presença da energia fóssil na economia. As duas têm visões opostas sobre a questão ambiental e climática, mas Marina nunca foi capaz de confrontar sua adversária e revelar os conflitos entre elas.
O governo criou uma fábrica de números falsos em seus bem-aparelhados órgãos oficiais e reescreveu a história recente do país. Como a memória sempre foi fraca por aqui, fica-se assim entendido o falso como verdadeiro. Brigar com cada número resultaria numa discussão enfadonha, mas basta dizer que, em sete anos de governo e quatro de PAC, o saneamento básico saiu de 56% para 59%. Ou seja, nada aconteceu no que há de mais intestino da qualidade dos serviços públicos, raiz da saúde e do meio ambiente urbano. Diante do falso brilhante dos trilhões que ela declama, o investimento público é de apenas 1,3% do PIB.
A verdade, para além do aborrecido traçar de números, é que, há décadas, o governo investe pouco e tira da sociedade cada vez mais impostos. A carga tributária sobe constantemente, o governo tem déficit nominal, o rombo da previdência avança. Mas Dilma repete a todos que ajuste fiscal é burrice. Anestesiados, os contribuintes continuarão pagando a conta sem sequer entendê-las.
Pela distorcida história oficial, a inflação não foi vencida no Plano Real, quando estava em 5.000%, tinha derrotado cinco planos, engolido décadas e arruinado famílias e empresas. A versão da campanha é que Lula recebeu um país em destroços.
Quem repõe a verdade vivida há tão pouco tempo? Deveria ter sido José Serra, mas ele não quis ou não soube. Dissidente da política econômica que nos trouxe a tão sonhada estabilidade, ele ainda se pega em minúcias das discordâncias. Não conseguiu mostrar para o eleitor que, pela ação da privatização, um povo que tinha telefone em 19% das casas, hoje tem em 85% delas. Um país que vivia o tormento hiperinflacionário teve em Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, o líder que convocou os especialistas e arquitetou o plano que iniciou o novo Brasil. Só Marina tenta repor a verdade, ao lembrar fatos e distribuir méritos com sua serenidade destoante. Serra não resgata o passado prisioneiro dos mitos do marketing petista; não consegue dizer o que fará de novo, se for eleito. O "pode mais" vazio acabou virando uma oferta de mais salário mínimo e mais aposentadoria. Com a eloquência do passado real e uma proposta consistente para o futuro, Serra poderia mais, mas sua campanha ficou sem rosto e projeto.
Marina tem a força de propor o novo. Tão novo que nem é entendido. Propõe uma revisão do conjunto dos estímulos e pesos tributários para crescer e incentivar a transição para a economia de baixo carbono. Hoje, carvão colombiano recebe redução de impostos para entrar no país, alimentar termelétrica financiada com dinheiro subsidiado do BNDES. E o país acha normal. O banco financia frigoríficos que compram carne de área desmatada. E o país acha normal. Uma farra com dinheiro público é montada para liquidar a grande volta do Xingu, num crime duplo: ambiental e fiscal. E o país acha normal.
Dilma tirou o máximo de proveito da segunda etapa do processo de criação do mercado de consumo de massas. A primeira etapa foi o Plano Real. A segunda, no governo Lula, foi possível com a oferta de crédito e a ampliação dos programas de transferência de renda. Dos três candidatos, é a mais desconhecida dos eleitores. Eles votam numa miragem construída pela popularidade do Lula e pela propaganda. Foi enclausurada pelo marketing por medo de que seu temperamento pusesse tudo a perder.
Os três têm forças e fraquezas, mas as distorções da campanha mostram que o país está desperdiçando o melhor momento de pensar estrategicamente seu futuro

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

A COP 10, que acontece em outubro, no Japão, deve aquecer as discussões sobre biodiversidade.

A apenas um mês do encontro global para discussões sobre a preservação da natureza, o Brasil ainda não apresentou um relatório oficial com o resultado de metas e compromissos assumidos nos últimos anos. A décima edição da Conferência das Partes sobre Biodiversidade (COP-10), vai reunir em Nagoya, no Japão, de 18 a 29 de outubro representantes de cerca de 170 países para analisar o resultado das metas de preservação da fauna e da flora assumidas em 2002, e definir quais serão os próximos objetivos até 2020. 

Conservar a biodiversidade vai além de garantir a vida das pessoas e do Planeta. Pode também render dividendos econômicos, uma vez que, num mundo globalizado, para manter a saúde financeira dos países é preciso investir em todas as cadeias produtivas, envolvendo desde a plantação, passando pela indústria, até o consumo.

Com as mudanças climáticas, as pessoas passaram a compreender melhor que é preciso conservar a biodiversidade, sob a pena de ações como desmatamentos, poluição e degradação do meio ambiente significarem baixa no PIB e outras perdas econômicas. Mas a conservação implica em maior aplicação de recursos em pesquisas, educação ambiental e efetivação de políticas públicas.

Estejamos atentos!

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Os políticos, as promessas e o povo brasileiro.

"O Brasil continua a ser uma das nações mais desiguais do planeta, com resistentes bolsões de miséria, principalmente no nordeste. Em oposição aos excelentes índices econômicos, o nosso coeficiente Gini, que mede a desigualdade nos países, numa escala que vai de zero a 1 (em que zero corresponde a igualdade absoluta e 1 a desigualdade mais completa), praticamente estacionou no patamar vergonhoso de 0.54, o terceiro pior da América Latina.
Naquela que é uma das áreas mais estratégicas para o desenvolvimento, a educação, o quadro é de tragédia. No último Pisa, o programa que avalia a educação em escala mundial, os estudantes brasileiros obtiveram o 48º lugar em leitura, entre 56 países, e o 53º e 52º postos, entre 57 países, em matemática, respectivamente.
O número de analfabetos é assustador. Vale lembrar que alfabetizado não é quem assina o nome, mas quem assina o nome em um documento que leu e compreendeu. A porcentagem de analfabetos neste país é, além de um desastre, vergonhosa.
A desigualdade no Brasil é fruto, sobretudo, da falta de gestores políticos que atuem como maestros no estabelecimento de prioridades e na condução harmoniosa do progresso da nação, e não apenas como cabos eleitorais.
Na contramão de dados alarmantes como estes, seguem os megas projetos que, se concretizados, transportarão futuramente uma nação de mentes incultas e deslumbradas com a ideia de um falso progresso. Um exemplo claro - e caro - desta carência está no projeto de um trem de alta velocidade para ligar São Paulo ao Rio de Janeiro. Um projeto com vários pontos inviáveis e deficitários. A soma estimada para concretizar esta obra, 33 bilhões de reais (a princípio) poderia ser destinada à recuperação da malha ferroviária brasileira (pra não dizer a rodoviária) e assim beneficiar milhões de cidadãos" (Revista VEJA - Agosto 2010).

Enquanto isso, na TV, as propagandas políticas, cuidadosamente elaboradas por marketeiros profissionais, vão cumprindo seu papel. Apresentam candidatos dignos de uma cadeira na Academia Brasileira de Teatro, com atuações irretocáveis, interpretações capazes de arrecadar votos em pouquíssimos minutos de apresentação, e o que é melhor, de graça, sem sair de casa, basta ligar a TV. São jingles nos mais variados ritmos, alguns "quase" românticos, imagens escolhidas e editadas com capricho, com alta tecnologia e seleção para o melhor foco, discursos escritos e reescrito milhares de vezes. Tudo isto, quando combinados com um semblante sério, porém bondoso e humilde dos nossos candidatos, devidamente comprometidos com os discursos proferidos, consegue convencer, emocionar e levar as lágrimas esses pobres coitados que engrossam o nosso vergonhoso índice de analfabetismo. Assim sendo, só nos resta concluir que o melhor a fazer é investir em Trem Bala mesmo... Nossos atores políticos sabem que, se investirem em educação ficarão sem platéia.

O código florestal brasileiro X Deputado Aldo Rabelo

A edição 2176 da revista VEJA, de 04 de Agosto/2010, em suas páginas amarelas, trouxe mais uma pérola, desta vez com o deputado Aldo Rabelo, figura que se diz compromissada com o projeto do novo código florestal brasileiro. Entre perguntas e respostas, vamos nos deparando, ao longo da entrevista, com uma realidade que beira ao caos diretamente ligado ao Ministério do meio ambiente, cenário este não muito diferente dos demais ministérios.
o código florestal brasileiro atual é um assunto polêmico, cercado de emendas que visam mais os interesses políticos do que ambientais. A entrevista passeia, através das respostas apresentadas pelo deputado Aldo Ribeiro, por vários tópicos que influenciam diretamente a vida de todos nós brasileiros e que vale a pena conferir.
Deixo a todos o convite para que leiam a entrevista. Caso não tenham acesso a revista nas bancas (é provável que já tenha saído de circulação devido a sua publicação a cerca de 30 dias), acessem a reportagem pelo site, na internet.
É humanamente impossível fazer frente a todas as lutas mas é necessário que nos informemos de "onde" e "como" acontecem as batalhas que mudam nossa história.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Família corporal e espiritual

Você já se deu conta de que seu afeto não é o mesmo para com todos os membros da sua família?
Uns nos são muito caros, outros menos, alguns nos são indiferentes, podendo, até mesmo, haver aqueles que nos são antipáticos.
E você já pensou nos motivos dessas diferenças?
Quando nos questionamos sobre o assunto, muitas dúvidas nos vêm à mente.
Ora, se somos filhos dos mesmos pais, se somos os pais de vários filhos, porque não nutrimos o mesmo sentimento por todos, de igual forma?
Indagando-nos, com sinceridade, chegaremos à conclusão de que há duas espécies de famílias: as famílias espirituais e as famílias pelos laços corporais.
Concluiremos, ainda, que não são os da consanguinidade os verdadeiros laços de família e sim os da simpatia e da comunhão de ideias. Ou seja, os laços do sangue não criam forçosamente os liames entre os Espíritos.
Para entender essas disparidades na relação de afeto ou desafeto, é preciso que lancemos mão da Lei da reencarnação.
Reunidos na mesma família, pelas Leis Divinas, encontram-se Espíritos simpáticos entre si, ligados por relações anteriores que se expressam por uma afeição recíproca.
Mas, também pode acontecer que sejam completamente estranhos uns aos outros esses Espíritos, afastados entre si por antipatias igualmente anteriores, que se traduzem na Terra por um mútuo antagonismo.
Com a teoria da reencarnação, entenderemos porque é que dois seres nascidos de pais diferentes podem ser mais irmãos, pelo Espírito, do que se o fossem pelo sangue.
Nessa mesma linha de raciocínio, compreenderemos a animosidade alimentada por irmãos consanguíneos, fato muito comum que se observa todos os dias.
A Lei da reencarnação também esclarece sobre os objetivos pretendidos por Deus para Seus filhos: o progresso intelectual e moral.
Se Deus nos permite o reencontro com afetos e desafetos do passado é que está a nos oferecer uma nova oportunidade de aperfeiçoamento.
Enquanto a convivência com os desafetos nos dá oportunidade de estabelecer a simpatia, os afetos são o sustentáculo em todos os momentos.
Entendemos, assim, que as múltiplas existências estendem os laços de afeto, ampliando nossa família espiritual, enquanto a unicidade da existência os limita ou rompe definitivamente após a morte.
Não fosse a abençoada porta da reencarnação e não teríamos a chance de amar os nossos inimigos, conforme recomendou Jesus.
Dessa forma, repensemos a nossa postura com relação à família. Olhemos para os parentes difíceis e percebamos neles a bendita oportunidade de estabelecer a simpatia para, logo mais, amá-los efetivamente, conforme a recomendação do Cristo.
O instituto familiar é uma organização de origem Divina, em cujo seio encontramos os instrumentos necessários ao nosso próprio aprimoramento para a edificação de um mundo melhor.

Pensemos nisso!

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Cenário político brasileiro

Não sei se é pra rir, pra chorar ou simplesmente pra "testar" a paciência do cidadão que o sistema político brasileiro é do jeito que é.
Nos dias atuais, quando assistimos a um programa eleitoral, que na verdade não sabemos se é programa eleitoral, humorístico ou filme de terror, o que mais nos estarrece é a conclusão a que chegamos após cada apresentação: No Brasil, com exceção do ramo político, para sermos admitidos no mercado de trabalho e defendermos com muita luta nosso pão de cada dia é preciso comprovar formação acadêmica, mestrados, doutorados, experiência profissional que varia de 06 meses a 01 ou 02 anos e é claro, idoneidade de caráter. Na política não precisa nada disso. Aliás, não precisa nada.
É claro que, não vale citar como exemplo desta agressão política a que somos submetidos atualmente, os políticos sérios, bem como a inclusão do nosso presidente (que não completou os estudos) neste cenário, uma vez que, basta dar uma olhadinha no seu passado político para entender o famoso ditado que prega que "toda regra tem exceção". Portanto, salvo a pessoa de Luis Inácio Lula da Silva (ver Wikipédia), é revoltante concluir que a injustiça é realmente uma questão sócio-cultural no nosso país.
A autorização de certas candidaturas, que subestimam a inteligência do eleitor brasileiro e tripudiam do carácter sério e honrado que bravamente defendemos, é a prova desta questão sócio-cultural que alimenta nossa (In) justiça Eleitoral Brasileira. Ao afirmar isso, me solidarizo com os milhares de estudantes (independente da classe social) que se acabam sobre os livros, anos a fio, até concluírem cursos e mais cursos, se espremendo entre os estudos e o trabalho para adquirir experiência antes mesmo de se formar, já que esta será exigida logo no primeiro emprego. Estes são ridicularizados por candidaturas que ai estão, aprovadas num país onde não é necessário ser nada, absolutamente nada, para candidato.
O que dizer de uma candidatura de um personagem bizarro como um "Tiririca", que se lança com um slogan que ridiculariza nosso País dizendo: "vote em Tiririca, pior do que "ta" não fica" e ainda vem acompanhado um vídeo que agride a dignidade daqueles que lutam por justiça e principalmente por reformas significativas na cultura de um povo? Mas Tiririca é só mais um... Temos também os candidatos que, estimulados pela falta de critério da (In) justiça Eleitoral Brasileira, apelam para o pornô, para o extraterrestre, para o hilário, para o absurdo, o inimaginário e o indecifrável. Mas isso ainda não é o pior. O pior é que esses "tiriricas" da vida se elegem para o cenário político através da ignorância que segue as margens da grande massa do eleitorado sustentada pela conveniência do sistema político brasileiro.
Nosso país nunca vai exigir dos candidatos a cargos públicos o que é exigido dos médicos, engenheiros, professores, advogados, administradores, em fim, qualquer outra função para a qual tenha que se comprovar carreira acadêmica, experiência e conduta moral porque este tipo de exigência excluiria, não só os ignorantes "espertos" como os "tiriricas" que já povoam o cenário político, mas também os verdadeiramente ignorantes, humildes e simples, que quando usados conforme conveniência política alimentam a cadeia da corrupção e impunidade que move o nosso país.
Enquanto isso, nossos verdadeiros profissionais, após exaustiva e mal remunerada jornada de trabalho e estudos, concluem frente à exibição de um programa eleitoral que teria sido bem mais fácil ser "TIRIRICA".

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Quem vai sustentar a geração internáutica?

    O texto a seguir foi escrito por Eduardo Aquino, médico, psiquiatra, neurocientista,paletrista, membro da Associação Americana de Neurofisiosologia cerebral e da Associação de Psiquiatria de New York,seis filhos, autor de 11 livros e ministro palestras em todo o país. Acompanho sua coluna publicada num jornal de veiculação em toda Minas Gerais aos domingos e um dos seus textos repasso aqui, exaltando a importância de uma reflexão a respeito.

Por Eduardo Aquino

     Mesmo os jovens atuais já devem ter ouvido falar da geração "Paz e amor", os hippies dos anos 60 e 70 e o famoso e do controvertido Woodstock. Outros talvez se lembrem dos Yuppies dos anos 80. Em ambos os casos taratava-se de uma geração que, bem ou mal, certo ou errado, defendiam ou buscavam algum ideal, alguma meta de vida, um sonho qualquer. Deu errado? Sim, mas tentaram.
     Os hippies se revoltaram contra a guerra insana do vietnã (primeira derrota militar dos Estados Unidos) e pregavam um mundo sem violência, sem corrupção, que vivessem de amor e que a paz fosse universal. Mas drogas demais, sexo demais, rock demais mostraram a eles que "alguém tem que trabalhar para pagar as contas", afinal, é ilusório um mundo onde ninguém faz nada, nem se constrói nada se ficar drogado, promíscuo e ouvindo rock`n roll. Não deu certo, embora a tribo dos ripongas exista e resista até hoje. Depois vieram os Yuppies, os jovens de Nova Yorque, a turma do Wall Street, jovens altamente ambiciosos, vaidosos e exibicionistas que trabalham na bolsa de valores e mercado financeiro e que se propunham a fazer seu "1º milhão de doláres" até os 30 anos para ter sua BMW, seu apartamento na região nobre de Manhattan, namorar modelos famosas e gastar US$10,000 num vinho raro no restaurante mais caro de Nova Yorque.
     Hoje, assistimos a falência dos E.U.A. e da Europa, como bolhas da informática e do mercado imobiliário americano e resultado da inconsequência, egocentrismo, individualismo e imaturidade desses jovens ricos e corruptos. Ok. Duas gerações mal sucedidas mas que tentaram algo diferente. E o que dizer da geração "Y", nascida nos anos 80 e 90, viciados em games, internet, orkut, celulares, i-pods e outras tecnologias ou tecnofilia, como queiram. Volto a alertar: Sem ideal, sem criatividade, preguiçosa, cansada - muito fruto das loucas baladas, bebendo feito um "gambá", sedentários, autoritários, exigentes, não estão nem ai para os adultos, sejam pais, professores, avós, autoridades. Mas esqueceram-se que são seus pais, familiares mais velhos que os mantêm, vestem e alimentam.
     Sim, essa geração de pais fracos e omissos, permissivos, "adulando" e "estragando" filhos "bebezões" aos 18, "adultecente" aos 30 parasitando os adultos enquanto se imbecilizam a frente de uma tela. Professores amedrontados mal conseguem transferir o conhecimento aos alunos. Somos desajeitados tecnologicamente, mas ainda que artesanais, sem apoio da sofisticação tecnológica, somos nós que inventamos, batalhamos, lutamos bravamente e ganhamos o "pão nosso de cada dia". Portanto, nós, adultos, somos competentes, coerentes, mas é hora, pais e professores de parar de temer esses  "jovens sem educação", sem limites, agressivos e incultos da geração "Y". Limitem mais o acesso a "desinformação eletrônica e tecnológica".
     Voltem a assumir o controle. Coloquem essa turma para estudar ou trabalhar. Chega de dó, pena, chantagens e medo dos jovens. Valor é proporcional a dificuldade para se obter algo. Não produzam monstrinhos. Domem seus rebentos.

Eduardo Aquino
Escritor e Neurocientista
eduardoaaquino@yahoo.com.br 

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Vergonha Nacional


O que você vai ler a seguir é mais um retrato do caos criado pela falta de dignidade das pessoas.
Noticia Recente: "RIO DE JANEIRO - O "Pânico na TV" retirou o quadro da "Mulher Arroto" do ar. Segundo a coluna Zapping do jornal "Agora São Paulo" o intuito é fazer com que os espectadores se esqueçam de Vanessa Barzan, que foi contratada para arrotar no rosto dos famosos enquanto os entrevista.
Mas após toda a confusão envolvendo a veterana Laura Cardoso, a Rede TV! resolveu colocar o quadro "na geladeira". Até porque depois do caso ficaria difícil a modelo passar despercebida nos eventos.
Para quem não se lembra, Vanessa arrotou enquanto entrevistava a atriz em um evento em São Paulo e gerou muitas críticas entre famosos e fãs. Miguel Falabella também saiu em defesa de Laura e reclamou bastante da "brincadeira" dos humoristas.
Mesmo assim, segundo a coluna, a "Mulher Arroto" deve voltar em breve ao programa."
É lamentável que além de sermos obrigados a conviver com a violência cada vez mais crescente e cruel contra o ser humano, (os animais classificados como irracionais se amam e se respeitam muito mais), ainda tenhamos que assistir a cenas como a noticiada acima, patrocinadas por jovens desocupados e desprovidos de valores como caráter, integridade, respeito, educação e tudo mais que torna o ser humano uma pessoa respeitável. Mas tão grave quanto a atitude destas pessoas, que atentam contra a vida alheia, através da forma agressiva e vulgar como conduzem este programa, é o apoio encontrado na mídia para promover este tipo de violência
É preciso rever com urgência o nosso direito a liberdade de expressão. É claro que não sou a favor da censura total, mas uma censura parcial se faz necessária para garantir que a liberdade de expressão e o direito a informação não sejam amparados pelo desrespeito a moral e aos bons costumes. Existem ainda pessoas de bem, de caráter, que contribuíram e continuam a contribuir para o crescimento social, político, artístico, cultural e humano deste país. Ao contrário destes jovens incultos e inúteis, que deveriam ser o futuro da nação, são os veteranos que ainda resistem, que guardam com eles a semente da sabedoria e da dignidade.
O que estamos assistindo dia após dia é o resultado de um regime social e político que já ultrapassou os limites da ganância, do poder e da impunidade e beira a loucura. Perdemos a noção do respeito em nome da fama e do poder, perdemos a noção do ridículo em nome da vaidade, tanto feminina quanto masculina, perdemos nossa referência de limites, daquilo que verdadeiramente nos pertence ou não. Perdemos nossa noção de espaço e de tempo, queremos estar em todos os lugares e a todo instante e em cada um deles instalar bandeiras próprias que demarquem nosso território e de mais ninguém. Perdemos nossa fé e nossa referência como seres humanos. 
Possuíamos tudo isso quando éramos seres a caminho da evolução, mas abdicamos do nosso instinto animal racional mais uma vez em nome da ganância e tomamos posse do instinto daquele que chamamos de animal irracional. Deveríamos ter nos contentado com esta conquista, talvez hoje fôssemos mais humanos. Não satisfeitos, continuamos involuindo, até nos tornarmos essa "coisa" que somos hoje, poderosa, corajosa e monstruosa.



segunda-feira, 12 de julho de 2010

O Código Penal e a Progressão de Pena

"A progressão do regime de cumprimento de pena é um incentivo que a Lei de Execuções Penais dá aos presos que apresentam bom comportamento durante o cumprimento da pena. Consiste no direito de ser transferido para o regime mais benéfico - do fechado para o semi-aberto, ou do semi-aberto para o aberto - após cumprimento de 1/6 da pena total. O assunto voltou a estar na pauta da Câmara após o assassinato de jovens em Luziânia por um pedófilo reincidente.
De acordo com a legislação, todo condenado com 1/6 da pena pode pedir relaxamento de prisão e cumprir o resto em regime aberto ou semiaberto. Em 2006, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que a progressão de pena valeria também para crimes hediondos."

Em meio aos últimos acontecimentos veiculados incessantemente em todos os meios de comunicação nestes últimos dias e ainda por muito tempo, mais uma vez somos levados a questionar nossas leis e refletir sobre os rumos que a impunidade dita em nosso país.

- O que leva um homem a matar, esquartejar e lançar aos cães as partes de seu semelhante?
- O que leva um homem a lançar uma mulher com o próprio carro em uma represa, estando essa mulher apenas desacordada, seguro de que ela não sabia nadar e fatalmente morreria afogada e presa dentro do carro em meio as águas barrentas e profundas desta represa?
- O que leva dois ou três jovens de classe média alta a cometerem crime de estupro contra uma menina de 13 anos?
- O que leva uma mulher, promotôra de Justiça, a espancar covardemente uma criança que estava sob sua guarda e proteção?

Os fatos acima são os de maior repercussão dos últimos dias devido a populariedade e ao alto poder aquisitivo dos envolvidos, mas com certeza, muitos outros crimes como estes ocorreram neste mesmo espaço de tempo sem que tivessem virado manchete.

De onde vem a audácia do ser humano para cometer um crime hediondo, muitos deles com requintes de crueldade as vezes inimagináveis? Seriam esses assassinos vítimas do que os médicos chamam de transtorno psicóticos? Seriam eles pessoas totalmente desprovidas de qualquer tipo de crença religiosa ou temor a DEUS? Teriam sido eles crianças criadas em lares desequilibrados, que não receberam afeto de seus pais, ao contrário, foram espancados e humilhados sucessivas vezes até desenvolverem uma personalidade agressiva e assassina? Sim, pode ser tudo isto e é assustador perceber que o ser humano está involuindo para a monstruosidade  ao invés de evoluir para a divindade.

Esses monstros têm, infelizmente, o apoio da nossa Justiça Brasileira, que não se impõe, que tira sua venda para enxergar somente o que lhe convém, que não cumpre seu papel, que não pune e quando o faz, ainda tripudia da dor dos vitimados, concedendo aos seus algozes privilégios após a condenação que beiram a uma verdadeira premiação pelo crime cometido. 

Num país onde a lei premia com "Progressão de Pena" um assassino com bom comportamento, é de se esperar que cada vez mais e mais crimes bárbaros virem manchete nacional. Uma vez preso, por qualquer que seja o crime, o indivíduo tem por obrigação comportar-se bem dentro do presídio, já que em liberdade não o fez e não ser premiado por isso. Seria cômica essa situação senão fosse trágica. A lei da impunidade que impera nas entrelinhas da nossa carta mágna nos condena a todo e qualquer tipo de violência ao ignorar que a premiação cabe aos homens honestos, aos homens de bem, aos pagadores de impostos, aos trabalhadores que lutam de sol a sol na defesa do pão de cada dia, aos educadores que dedicam sua vida a serem exemplo, aos que promovem a paz. Estes sim, deveriam ser premiados com justiça e liberdade.

Há quem acredite que a justiça brasileira não prevê a pena de morte. Lêdo engano. A justiça brasileira condena a morte cada um de nós, cidadãos de bem, toda vez que libera um assassino antes do término de sua pena, através de um dos benefícios que ela mesmo prevê em seus decretos. 

E por ai vai...

sexta-feira, 9 de julho de 2010

De onde vem a força das mulheres que têm filhos especiais?

Excelente a matéria de Cristuane Segatto. Conteúdo belo e sensível que nos remete a uma reflexão sobre o verdadeiro sentido da vida, nossas batalhas e nossas histórias de superação como pais, seres humanos e portadores de um dom especial: o de sermos capazes de amar.
 
Malú Rossi


CRISTIANE SEGATTO
 Reprodução
CRISTIANE SEGATTO

Repórter especial, faz parte da equipe de ÉPOCA desde o lançamento da revista, em 1998. Escreve sobre medicina há 14 anos e ganhou mais de 10 prêmios nacionais de jornalismo
“Conheça a vida selvagem: tenha filhos”. Sempre me divirto quando vejo esse adesivo colado no vidro de algum carro. Essa frase é a mais pura verdade. A maternidade nos aproxima das fêmeas de todas as espécies. Em nenhuma outra fase da vida percebemos tão claramente o papel animalesco que a natureza nos reserva.Viramos leoas que se desdobram para cuidar da cria, alimentá-la, protegê-la e – principalmente – amamentá-la.

Sim. Não importa se a mulher é uma executiva empertigada, uma intelectual inatingível, uma operária calejada. Quando o filho nasce, ela vira um peito. Ou melhor: dois. Nada do que a mulher fez na vida ou ainda pretende fazer tem importância diante da função especialíssima de ser a única fonte de alimento de um ser que acabou de chegar. Um ser que vai crescer, ajudar a povoar o mundo e tocar em frente a grande aventura do Homo sapiens.

Quando eu amamentava a Bia (hoje uma moça de 10 anos) eu me sentia um par de peitos. Nas primeiras semanas, ela mamava a cada hora e meia. Eu vivia para isso. Minha função nesse mundo – de manhã, de noite, de madrugada – era amamentar. E, claro, trocar fralda, embalar, acalmar o choro, dar banho, lavar roupa etc, etc, etc. Quando ela mamava e dormia, eu ganhava uns 90 minutos de folga. Aí não sabia o que fazer com eles. Tomar uma ducha? Almoçar? Colocar as pernas para cima?

Eu era tão “sem noção” que três dias antes da Bia nascer fui à livraria comprar Guerra e Paz. Achava que a licença-maternidade fosse uma espécie de período sabático, o momento ideal para ler aquelas 1.349 páginas que faziam tanta falta na minha cultura geral. Tolinha. Só fui conseguir preencher essa lacuna quando ela completou três anos.

Os primeiros tempos da maternidade foram, sem dúvida, a fase mais selvagem da minha vida. Acordava cheia de energia, pulava da cama e, quando a Bia deixava, tomava um banho revigorante. Às 7 horas tomava um café da manhã reforçado enquanto assistia ao Bom Dia Brasil. Depois passava o dia inteiro em função da cria. Decidi que nos primeiros meses não pediria ajuda a mãe, sogra ou babá. Queria ser mãe em tempo integral. Queria ter liberdade para errar, acertar, aprender.

Naquele inverno de 2000, meus dias eram amamentar. Nos intervalos, corria para o tanque (que ficava no quintal, ao ar livre) e lavava na mão, com sabão neutro, a montanha de roupinhas frágeis de bebê. O vento gelado batia no meu rosto, mas eu tinha uma disposição para cuidar das coisas da minha filha que só a natureza pode explicar. Meu gasto calórico devia ser brutal. Almoçava pratos gigantescos e, ainda assim, só emagrecia. No Spa da Selva, perdi rapidamente mais de 10 quilos.

À noite, a pilha acabava. Às 22 horas, estava exausta. Dormia profundamente e mal conseguia abrir os olhos durante a mamada da meia-noite. Eu e o pai da Bia desenvolvemos uma técnica animal. Eu levantava um pouco o tronco e recostava no travesseiro. Ele segurava a Bia e acoplava a boca dela no meu peito. Ela mamava, eu dormia. Ele ficava com ela no colo por um tempo e depois a devolvia no berço. Nessa hora eu já estava no melhor do sono. Às quatro da manhã, me sentia recuperada. Pronta para a maratona de mamadas e afazeres de mais um dia. Pronta para sobreviver na selva e garantir a sobrevivência da minha cria.

Com o tempo, as obrigações mudam. Mas a vida selvagem dura pelo menos até a criança completar três anos. Aos poucos fui recuperando várias liberdades que haviam sido confiscadas pela maternidade. Hoje, com uma filha de dez anos, estou praticamente alforriada. Aproveito para respirar profundamente. Afinal, há quem diga que a verdadeira vida selvagem começa quando o filho chega à adolescência. Será mesmo? Que venha a nova selva, então. No lugar da leoa incansável, ela vai encontrar a leoa maleável. Muito mais do que era a moça que pariu aos 30 anos. A natureza é mesmo sábia.

Por tudo isso (e muito mais), sempre me considerei uma mãe dedicada. Eu me achava uma ótima mãe até conhecer a mãe do Idryss Jordan. Perto do que ela faz pelo filho, o que fiz pela minha é uma espécie de passeio no parque, com direito a pipoca e algodão doce. Vida selvagem não é a minha. É a dela. Posso ser uma mãe dedicada. Ela é mãe coragem.

Idryss Jordan tem 11 anos. É autista. Não é um daqueles autistas portadores da síndrome de Asperger (que falam, avançam nos estudos e podem até chegar ao mestrado, como eu contei numa reportagem publicada em ÉPOCA há dois anos). Idryss é um autista de baixo rendimento. Não fala, usa fralda, precisa ser vestido, trocado, alimentado e cuidado 24 horas por dia. Muitas vezes se debate e se torna agressivo.

Aos 39 anos, Keli Mello, a mãe coragem, já precisou consertar os dentes da frente. Eles foram quebrados pelo filho. Se você acha que a criança que tem em casa lhe dá trabalho demais, espere até conhecer a história de Keli, uma gaúcha de Três de Maio que vive há duas décadas em São Paulo. Não sei de onde ela tira energia para enfrentar o que enfrenta. Por sorte (ou por destino), Keli é casada com Silvio Jerônimo de Teves, um pai coragem.

A dedicação e o amor incondicional que esse casal oferece ao filho fazem qualquer um se arrepender de algum dia ter dito que criança dá trabalho demais. Quem tem um filho saudável não sabe o que é trabalho. Keli e Silvio vivem para o filho (e para a filha Hyandra, de 5 anos, que não tem a doença). Não podem trabalhar fora de casa. Quando o autismo do filho se manifestou, Keli abandonou o trabalho de auxiliar de fisioterapia.

Virou artesã. No período em que Idryss está na escola, Keli faz panos de prato e toalhas. Silvio prepara o almoço e o jantar. Idryss não aceita comida esquentada. Se ela não for fresquinha, ele percebe e não come. Depois de cuidar da alimentação da família, Silvio sai para entregar as encomendas do artesanato que Keli produz. São movidos pelo amor e acreditam que o garoto é capaz de senti-lo e retribuí-lo. “Autista não é robô. Ele sabe amar. Se peço um beijo, Idryss me dá o rosto”, diz Keli.

Nos momentos de grande agitação – quando Idryss se morde e pode agredir quem estiver perto – a única coisa que o acalma é o metrô. Isso mesmo. Ele tem fixação pelo metrô. Quando não consegue controlar o garoto, o que Keli faz? Pega o metrô na estação Tucuruvi e vai até o Jabaquara. Depois volta até o Tucuruvi. Se precisar, vai novamente ao Jabaquara e retorna ao Tucuruvi.

Cruza São Paulo de norte a sul (são 23 estações em cada trecho) para acalmar Idryss. Na bolsa, leva o almoço do garoto acondicionado num pote plástico. Quando ele fica menos agitado, saltam na estação Parada Inglesa. Keli procura duas cadeiras vazias na beira dos trilhos, com vista privilegiada para o trem. Abre o pote, retira uma colher da bolsa e alimenta Idryss. A plataforma do metrô é sua sala de jantar.

Conheci essa família há alguns dias quando fazia uma reportagem sobre o trabalho da dentista Adriana Gledys Zink. Ela será publicada amanhã (10/07) na edição impressa de Época. As famílias dos autistas enfrentam todo tipo de desassistência. Não encontram vagas em escolas preparadas para lidar com o problema, não encontram atendimento médico adequado e, como é de se imaginar, não encontrar dentistas dispostos a atender autistas. Quando essas crianças precisam de tratamento odontológico (mesmo que seja uma simples limpeza) costumam ser internadas num hospital para receber anestesia geral.

“Mesmo quem pode pagar, não encontra dentistas dispostos a cuidar de autistas. Eles sequer vêem o paciente. Simplesmente informam que não os atendem”, diz Adriana. Ela decidiu tentar fazer diferente. Depois de se especializar em pacientes especiais na Associação Paulista dos Cirurgiões Dentistas (APCD), frequentar reuniões de famílias autistas e estudar os métodos de aprendizagem disponíveis, ela criou algumas técnicas que lhe permitem se aproximar desses pacientes. Na maior parte dos casos, ela consegue cuidar dos dentes dessas crianças (e também de adultos) no consultório, sem anestesia geral.

O processo é longo. Exige extrema dedicação das famílias e da dentista. Às vezes, ela precisa de quatro sessões (ou mais) só para conseguir levar a criança até a cadeira. Quando isso não é possível e o procedimento necessário é simples (uma limpeza, por exemplo), atende a criança no chão. O entusiasmo de Adriana surpreendeu a família de Idryss. “Essa dentista não existe. Acho que estou sonhando. Ela senta no chão com meu filho, tenta de tudo e não olha no relógio para ver se a sessão acabou”, diz Keli.

Se você quiser conhecer um pouco mais sobre o trabalho especialíssimo que Adriana e o marido (o dentista Marcelo Diniz de Pinho) realizam, acesse o blog. Para ver Adriana em ação e conhecer Keli e Idryss, assista a esse vídeo: http://www.youtube.com/user/zinkpinho#p/a/u/1/ou7PVTWnfoA

Keli, Idryss e Adriana me deram uma lição de vida. Agradeço todos os dias por ter uma profissão que me permite encontrar gente tão especial. Saio de cada reportagem melhor do que entrei. Graças à enorme generosidade dessa gente que confia em mim e divide tanto comigo. Muito obrigada a todos – mães e pais coragem, entrevistados e leitores. Saio de férias hoje. Essa coluna volta no dia 06 de agosto. Espero voltar com as baterias recarregadas e os sentidos bem calibrados para mais um semestre de intensa troca com vocês. Até lá.

A Fome e a miséria


1) A fome mata 24 mil pessoas a cada dia - 70% delas crianças;

2) No mundo de hoje há mais comida do que em qualquer outro momento da história da humanidade;

3) Temos 6,7 bilhões de habitantes, e produzimos mais de 2 bilhões de toneladas de grãos, o que significa que produzimos quase um quilo de grãos por pessoa e por dia no planeta, amplamente suficiente para alimentar a todos;

4) Segundo a FAO o mundo precisaria de US$ 30 bilhões por ano para lutar contra a fome, recursos que significam apenas uma fração do US$ 1,1 trilhão aprovado pelo G-20 para lidar com a recessão mundial;

5) 65% dos famintos vivem em somente sete países;

6) Nos últimos meses irromperam revoltas por causa da fome em 25 países;

7) Os que sobrevivem à fome carregam seqüelas para sempre. A fome mina as vidas e acaba com a capacidade produtiva, enfraquece o sistema imunológico, impede o trabalho e nega a esperança;

8) No mesmo momento em que 1 bilhão de pessoas passando fome, outro 1 bilhão sofre de obesidade por excesso de consumo;

9) Uma criança americana consome o equivalente a 50 crianças africanas da região subsaariana;

10) Cerca de 200 milhões de crianças de países pobres tiveram seu desenvolvimento físico afetado por não ter uma alimentação adequada, segundo o Unicef.


Por que tantos passam fome?


*Dados extraídos do Adital publicado pela Humanitas/Unisinos/Cepat

Instituto Humanitas Unisimos, Universidade do Vale do Rio dos Sinos unisinos / Centro de pesquisa e apoio aos trabalhadores.






É lamentável que um país como o nosso Brasil, de tantas riquezas e tantas belezas, seja um país sem leis, onde a impunidade impera e nos deixa a mercê das barbáries praticadas pelos criminosos que o nosso código penal sustenta com sua ineficácia.



Malú Rossi